Summary: | Enquadrado sobre a necessidade de serem criadas oportunidades que façam cumprir o direito ao acesso e ao envolvimento na vida cultural, recreação, lazer e desporto (art. 30 da Convenção sobre os direitos das pessoas com incapacidade - ONU, 2006) a pessoas com incapacidade, este estudo teve como objetivo descrever as experiencias de participação de crianças/ jovens com incapacidade em atividades de dança criativa, focando barreiras e estratégias de apoio ao seu envolvimento, bem como, o impacte sobre o processo de inclusão. Para o efeito foram entrevistados 5 professores de dança, 2 técnicos de instituições de apoio a jovens com incapacidade, e 6 jovens com incapacidade. As entrevistas – de carácter semiestruturado – foram sujeitas a análise de conteúdo. Paralelamente foi implementado um programa de dança criativa de 4 meses, composto por um grupo de 3 crianças, incluindo uma criança de 11 anos com limitações/restrições decorrentes de uma disgenesia secundária do corpo caloso. O processo de inclusão foi analisado mediante observação sistematizada – tendo por base a Escala Adaptada de LMA “Freedom to Move” (Dunphy & Scott, 2003) – e de observações assistemáticas. Os dados deste estudo revelam que uma das principais barreiras ao acesso a atividades de dança será a desinformação social, pela predominância de estereótipos da perfeição/normalidade, que a tornam globalmente vedada a pessoas com incapacidade. Os aspetos que determinam o sucesso destas experiências parecem incluir a preparação do professor bem como a implementação de estratégias de suporte como a demonstração, as pistas tátil-cinestésicas e a repetição. O impacte na funcionalidade e participação social das crianças/jovens é sobretudo sentido ao nível da mobilidade, autonomia, concentração/atenção, autodeterminação e autoestima, bem como, ao nível da gestão de comportamentos e do sentido de pertença.
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