Summary: | "A história das relações diplomáticas pode ser apresentada sob várias ópticas. Pierre Renouvin, que dirigiu a publicação de uma importante obra sobre este tema, considera três grandes correntes: a tradicional, que atribui a primazia às relações entre governos, detendo-se profundamente nos interesses políticos das negociações e dos papéis desempenhados pelos seus mentores; uma segunda perspectiva coloca a tónica não nas conjunturas mas sim na longa duração, nas relações entre os povos, baseadas nas suas estruturas ambientais e económicas; a última tendência considerada apenas diverge da anterior ao eleger como trave-mestra não a economia mas os sentimentos nacionais e os comportamentos colectivos de cada povo. O volume de informação disponível reparte-se, habitualmente, de forma muito desigual pelos três tipos de estudo, cabendo o quinhão maior à história político-diplomática e reduzindo-se consideravelmente no que se refere à história psicológica; quanto às estruturas económicas, o seu conhecimento tem-se vindo a enriquecer, graças sobretudo ao aproveitamento de alguns textos até há algumas décadas subestimados, mas o seu volume não atinge ainda o das fontes de cariz político. Deste modo se explica que a primeira das citadas correntes historiográficas continue a ocupar lugar de destaque, embora tenha já perdido o quase-monopólio de que usufruiu até cerca de 1940-1950. O presente estudo situa-se preferencialmente neste preciso campo da história político-diplomática, mas tem como preocupação norteadora considerar as relações entre a Coroa portuguesa e as restantes como ligações pessoais e não, à semelhança dos dias de hoje, como relações entre Estados. […]".
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