Comunicação de más notícias pelos médicos do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgico do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira

Uma das áreas mais temidas no mundo da medicina, sobretudo porque respeita a situações graves, a comunicação de más notícias reveste-se de especial complexidade no que respeita às relações entre os profissionais de saúde, paciente e seus familiares. O processo de comunicar uma má notícia continua a...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Castanhola, Adriano Bruno Belo Rodrigues (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2020
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.6/8914
País:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/8914
Descrição
Resumo:Uma das áreas mais temidas no mundo da medicina, sobretudo porque respeita a situações graves, a comunicação de más notícias reveste-se de especial complexidade no que respeita às relações entre os profissionais de saúde, paciente e seus familiares. O processo de comunicar uma má notícia continua a ser um momento angustiante para os médicos uma vez que as más notícias, geralmente, implicam alterações muito drásticas na vida dos pacientes e dos seus familiares. Cada vez mais investigadores se debruçam sobre o tema, na tentativa de amenizar angústias e capacitar os profissionais de saúde para a transmissão de más notícias. Sendo a comunicação um processo dinâmico e multidirecional de troca de informações por vários canais, ela permite a transmissão das informações pela palavra. Atualmente, muitos autores referem ser a questão da comunicação de más notícias, um problema para o qual ainda não apareceram soluções milagrosas. O conceito de más notícias, já largamente definido, foi a base da nossa determinação para efetuar este estudo. Uma possível definição de má notícia é a que nos é apresentada por Buckman “toda a informação que envolva uma mudança drástica e negativa na vida da pessoa e na perspetiva do futuro”. Para realizar tal projeto, como metodologia, efetuámos, para uma melhor compreensão sobre a comunicação de más notícias, uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados SCOPUS, SciELO, BioMed, DOAJ, MEDLINE, Web of Science, B-ON, RCAAP, U-Bibliorun entre outros motores de busca. No que concerne ao questionário por nós elaborado, este foi construído com recurso à revisão da literatura que efetuámos. É composto por uma primeira parte (escala ordinal tipo Likert) por questões de resposta fechada e uma questão aberta, e uma segunda parte de informação sociodemográfica dos respondentes. O estado da arte revelou-nos uma crescente preocupação sobre o tema e um aumento de estudos realizados, no que respeita à comunicação de más notícias. No estudo realizado por Galvão et al, as autoras concluem que uma das áreas mais difíceis e complexas no contexto das relações interpessoais é a comunicação de más notícias, pois causa desconforto e angústia no recetor e no emissor da má notícia e exige muita sensibilidade, profissionalismo e formação por parte dos médicos. Delineámos como objetivo, investigar como são transmitidas as más notícias pelos médicos, no SUMC do CHUCB, para a obtenção de dados destinados à compreensão da resolução de problemas e utilização de material de apoio na comunicação de más notícias, bem como compreender a preparação dos médicos para a comunicação de más notícias e a forma como o fazem. Também nos interessa saber se os médicos conhecem a existência de protocolos de comunicação de más noticias, se os utilizam e como os classificam quanto à sua utilidade. Para tal, realizámos um estudo quantitativo, exploratório e descritivo, com aplicação de um questionário dirigido aos médicos do SUMC do CHUCB. A amostra probabilística é constituída por 65 médicos que exercem funções no SUMC do CHUCB. Procurámos assim, identificar o modo como as más notícias são transmitidas pelos médicos, as condições em que essa mesma comunicação é realizada e se os médicos se sentem preparados para o fazer. Dos resultados obtidos, realçamos que a maioria (75,4%) dos médicos do SUMC do CHUCB, se sentem preparados para esta comunicação e que 61,5% relacionam este facto com a preparação académica. Ao cruzarmos a variável da pergunta 1 “Enquanto profissional de saúde, sente-se preparado para a transmissão de más notícias? “com a variável da pergunta 4 “Ao longo da sua carreira profissional tem feito formação contínua na área da comunicação de más notícias?”, verificámos que os participantes que fizeram formação contínua dividem-se – metade sentem-se preparados para comunicar más notícias e a outra metade não. Entre os que não fizeram formação contínua, a maioria sente-se preparado. As diferenças são significativas. Este resultado é surpreendente. Sugere que os mais inseguros procuram formação e ainda assim continuam inseguros. Os que estão seguros não procuram formação. Os resultados confirmam também que a formação académica é mais útil na preparação dos médicos para comunicar más notícias do que a formação contínua.