Resumo: | A colza está a ser introduzida em Portugal para produção de biocombustiveis e, atendendo ao facto de poder ser cultivada no período Outono/Inverno, poderá apresentar vantagens comparativas relativamente ao Girassol, cultivado em ciclo de Primavera/Verão, devido ao melhor aproveitamento dos recursos hidricos, que são o principal factor limitante ao seu cultivo em sequeiro. Apesar da importância desta cultura noutros países com condições ecológicas "semelhantes" às nossas, esta cultura só agora está a ser introduzida no país para fins comerciais. Contudo, as empresas de produção de biocombustíveis estão a difundir a cultura sobretudo no Sul do país, onde as áreas potenciais de cultivo são mais atractivas. Trás-os-Montes pode, assim, ficar excluído do circuito de produção desta espécie. Com este trabalho pretende-se estudar a viabilidade desta cultura em Trás-os- Montes e divulgar adequadamente os resultados como forma de acelerar o seu cultivo também nesta região. Neste trabalho reportam-se resultados de um ensaio com colza onde se incluíram quatro cultivares (Lucia, Recital, Nelson e NK Ready) e três esquemas de fertilização azotada (fundo+cobertura) diferentes (0+50 kg N ha-1; 25+75 kg N ha-1; e 50+100 kg N ha-1). Procedeu-se também, durante a estação de crescimento, à determinação da intensidade da cor verde das plantas através do medidor SPAD-502. Foi ainda testada a tolerância à profundidade de sementeira de mais quatro cultivares híbridas (PR46W10, PR46W14, PR46W31 e PR45D01) num ensaio de germinação em vasos. O ensaio de campo decorreu em Bragança, na Quinta de Sta Apolónia, na estação de crescimento de 2007/08. A sementeira foi efectuada a 12 de Outubro. Durante a estação de crescimento foi monitorizado o estado nutritivo das plantas, registados os momentos chave da fenologia da planta e avaliada a produção de semente. O teor de nitratos nos pecíolos e os valores de clorofila SPAD nos limbos (determinados com o aparelho portátil SPAD-502) variaram significativamente com a dose de azoto e também com as cultivares. Apesar de apresentarem diferenças morfológicas evidentes, não ocorreram diferenças significativas na produção de semente entre cultivares nem entre esquemas de fertilização azotada. A produção média ultrapassou os 3000 kg ha-1 de semente. Aparentemente podem ser obtidas produções elevadas com doses moderadas de azoto. A estação de crescimento caracterizou-se por um período inicial (Outubro-Novembro) particularmente seco e um Inverno frio. Contudo, a cultura pareceu bem adaptada ao clima local, tendo atingido nas condições de ensaio produções médias que seria impensável obter com o girassol (a cultura oleaginosa que normalmente ocupa as áreas de sequeiro em Portugal juntamente com cereais de inverno). Os resultados confirmam todo o potencial da colza para ser incluída nas rotações de sequeiro, pelo menos do Norte do país.
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