Summary: | A época de vigilância da gripe de 2010/2011 caracteriza-se por ser a época posterior à primeira pandemia do século XXI, que esteve associada à circulação de um novo subtipo de vírus influenza, o vírus pandémico A(H1N1)pdm09. Nesta época verificou-se um pico de atividade gripal entre as semanas 50/2010 e 5/2011, com a duração de 8 semanas. Durante este período a taxa de incidência atingiu o valor máximo de 121,12 casos por 100 000 habitantes, na semana 52, sendo a atividade gripal considerada como alta/moderada. Do ponto de vista virológico a época teve uma apresentação bifásica, primeiramente dominada pelos vírus influenza do tipo B da linhagem Victoria, e mais tarde pela circulação dos vírus influenza A(H1)pdm09, sendo estes últimos os detetados num maior números de casos (55,7%). A deteção dos vírus influenza do subtipo A(H3) e do tipo B da linhagem Yamagata foi esporádica, e os vírus influenza A(H1) sazonais não foram detetados. Os vírus estudados foram, antigénica e geneticamente, semelhantes às estirpes incluídas na composição da vacina antigripal disponível para a época. Durante a época de 2010/2011, a maior percentagem de casos de gripe (70,4%) foi detetada no grupo das crianças em idade escolar (5-14 anos). Nestas, a doença esteve particularmente associada à infeção com vírus influenza do tipo B, enquanto que a infeção com vírus influenza do tipo A ocorreu, maioritariamente, na população adulta. Na época em estudo ocorreu uma redução na cobertura da vacina antigripal sazonal, na população geral em todos os grupos etários à exceção dos 45-64 anos e em todos os grupos que declararam sofrer de doenças crónicas, à exceção dos diabéticos. Apesar de nenhuma destas diferenças ser estatisticamente significativa, a sua observação concomitante deverá ser considerada como um alerta, incentivando assim o reforço da campanha de vacinação nos grupos alvos prioritários para a vacinação antigripal.
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