Resumo: | Esta tese procura compreender as relações não-monogâmicas consensuais tendo como foco de análise o poliamor, modelo que defende a possibilidade de estabelecer relações íntimas, afetivas e/ou sexuais com mais de uma pessoa simultaneamente com o conhecimento, concordância e aceitação de todas as envolvidas. O poliamor é atualmente o único movimento relacional, social e identitário de alcance internacional que desafia a monogamia compulsória. Trata-se de um fenômeno emergente das sociedades ocidentais contemporâneas propiciado pela difusão do processo de individualização que levanta discussões importantes sobre questões de gênero, sexualidade, família, casamento, intimidade e amor. A pesquisa é baseada em entrevistas em profundidade e experiências de pessoas cisgênero que vivenciam relações poliamorosas com alguém do sexo oposto nas cidades de Lisboa (Portugal) e Belo Horizonte (Brasil). A pesquisa retrata aspectos centrais para a compreensão deste tipo de relacionamento, como sua crítica à norma monogâmica e ao amor romântico; ênfase nos acordos e comunicação aberta; interações entre as pessoas que amam alguém em comum; desafios; benefícios e dinâmicas de gênero. Também são ressaltadas semelhanças e diferenças entre o poliamor, a poligamia e outros modelos de não-monogamia consensual, como o swing, relacionamento aberto, relações livres e anarquia relacional. Esta tese também contribui para o debate acerca do significado e vivência da monogamia enquanto instituição social e expressão da afetividade e sexualidade, além de apontar transformações, ressignificações e convergências entre a heterossexualidade e outras sexualidades marginalizadas.
|