Summary: | As Alterações Neurocognitivas dizem respeito ao grupo de patologias em que os primeiros défices são verificados nas funções cognitivas. De entre estas alterações, salientam-se as alterações neurocognitivas major e minor, enquadrando-se a demência na primeira categoria. Esta é uma das principais causas de incapacidade na população adulta idosa, e está relacionada com um elevado número de patologias cerebrais subjacentes. Este estudo tem como objetivo geral compreender a prática clínica dos terapeutas da fala junto de adultos com demência, em Portugal. Especificamente, pretende-se: identificar as necessidades de formação dos mesmos ao nível da avaliação e intervenção com pessoas com demência; analisar a sua experiência de intervenção com esta população; identificar as suas dificuldades; e compreender como se processa o referenciamento dos casos de demência para a Terapia da Fala. Para tal, foi elaborado um instrumento de recolha de dados sob a forma de um questionário online, baseado na revisão da literatura. Este foi disponibilizado por e-mail e através da rede social Facebook. Participaram neste estudo um total de 230 terapeutas da fala que exercem funções em Portugal. Os resultados obtidos demonstram que mais de 95% dos terapeutas inquiridos revelam ter necessidades no âmbito da demência, sobretudo no que toca à formação prática e académica e aos conhecimentos e competências de avaliação e intervenção. Por outro lado, apenas 35,5% refere trabalhar junto de população idosa (com mais de 65 anos). Cerca de 53% dos profissionais já intervieram ou intervêm atualmente junto de pessoas com demência, sendo que a maioria refere uma casuística de mais de três casos, predominantemente com doença de Alzheimer (80%). De entre os terapeutas que não intervêm a este nível, 74,5% refere como principal razão nunca ter surgido nenhum caso. Concluiu-se que, em Portugal, é ainda reduzido o número de terapeutas da fala a intervir na área da demência, denotando-se falta de conhecimentos ao nível da avaliação e intervenção com esta população e pouca divulgação dos benefícios da sua atuação. Desta forma, o presente estudo enfatiza a necessidade de se incluírem conteúdos mais específicos na formação de base e pós graduada destes profissionais através de uma formação prática que também inclua a área da demência. Por outro lado, salienta-se a necessidade de uma maior divulgação das suas funções/atividades neste âmbito, de modo a garantir um referenciamento atempado por parte de outros profissionais de saúde e uma maior procura das pessoas com demência e seus cuidadores.
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