Resumo: | A presente dissertação encontra-se dividida em três capítulos. O primeiro capítulo aborda o trabalho de investigação, desenvolvido ao longo do último ano letivo, intitulado “Caracterização de Intoxicações Medicamentosas no Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar da Cova da Beira”. A intoxicação, independentemente de qual seja o agente que a origina, é, atualmente, um grave problema de saúde pública, sendo uma das principais razões de internamento em hospitais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as intoxicações medicamentosas estão entre a quarta e a sexta causa de morte nos países ocidentais. O Centro de Informação Antivenenos é um centro médico que presta informações sobre diagnóstico, toxicidade, terapêutica e prognóstico da exposição a tóxicos e de intoxicações agudas ou crónicas, quer em humanos, quer em animais. Em 2011, 6 mil das 28 mil chamadas recebidas neste centro tiveram como motivo uma intoxicação por medicamentos em adultos, sendo mais comuns os fármacos que atuam ao nível do Sistema Nervoso Central. Tendo isto em conta e dado que em Portugal são poucos os estudos sobre a prevalência de intoxicações medicamentosas nos serviços de urgência, torna-se de extrema importância realizar um estudo que permita analisar alguns dados epidemiológicos, etiológicos e terapêuticos dos doentes intoxicados que recorrem aos serviços de urgência. Assim, estabeleceu-se como objetivo do presente trabalho caracterizar as intoxicações medicamentosas que chegam ao Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar da Cova da Beira, E.P.E.. Para isso, realizou-se um estudo retrospetivo e descritivo onde foram analisados os episódios de urgência do Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar da Cova da Beira E.P.E. que, segundo a Triagem de Manchester representaram doentes intoxicados por fármacos. Desta forma, serão estudados, a partir da análise dos processos clínicos dos episódios de urgência, dados demográficos, doenças crónicas, farmacoterapia, sintomatologia, classe de fármacos a que pertence o(s) agente(s) causador(es) da intoxicação, tipo de intoxicação e tratamento administrado. Posteriormente, efetuou-se a análise estatística dos dados recolhidos. Durante o ano 2011, foram atendidos no Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar da Cova da Beira, E.P.E. 61.598 episódios de urgência, dos quais 0,16% representavam possíveis intoxicações medicamentosas. Dos 101 episódios de urgência estudados, 72,28% envolveram indivíduos do sexo feminino. A idade média dos doentes intoxicados foi de 43,16 (±16,15) anos. Em 64,36% dos EU’s estudados os doentes apresentavam doenças concomitantes, sendo que 73,31% destes sofria de doenças do foro psiquiátrico previamente diagnosticadas. Dos EU’s em que foi possível determinar o período de tempo entre a intoxicação e a chegada ao serviço de urgência (cerca de 50%), a maioria (36%) chegou ao hospital na primeira hora após o contacto com o tóxico. A maioria das intoxicações medicamentosas é de carácter voluntário e em cerca de 35% destas o indivíduo apresentava intenção suicida ou de auto-agressão. Os fármacos ansiolíticos/sedativos/hipnóticos, principalmente as benzodiazepinas, são o grupo farmacoterapêutico com maior prevalência nas intoxicações medicamentosas, seguidos pelos antidepressivos e pelos antipsicóticos. Os doentes intoxicados receberam, maioritariamente, tratamento de suporte ou não-específico e medidas de descontaminação gastrointestinal, sendo o tratamento específico aplicado, apenas, em 11,88% dos EU’s. Quanto ao destino final dos doentes intoxicados, verificou-se que metade destes teve alta diretamente a partir do serviço de urgência e cerca de 47% dos doentes necessitou de internamento. No segundo capítulo encontra-se descrito o estágio em Farmácia Comunitária, realizado na Farmácia Taborda, no Fundão, entre 4 de Fevereiro e 4 de Maio, sob orientação da Dra. Ana Rita Leitão. O estágio em Farmácia Hospitalar, realizado nos Serviços Farmacêuticos do Hospital Sousa Martins, na Guarda, de 6 de Maio a 21 de Junho, encontra-se redigido no terceiro capítulo. A realização destes estágios permitiu aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da formação académica e concluir que o farmacêutico desempenha um papel muito importante na sociedade.
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