Resumo: | Apesar de nas últimas décadas ter havido um reconhecimento crescente da complexidade dos conflitos violentos contemporâneos, persiste uma certa tendência para sublinhar a centralidade das causas mais superficiais e imediatas dos conflitos e para negligenciar as causas mais estruturais dos mesmos. Do ponto de vista dos modelos de resolução e resposta a esses conflitos, as abordagens dominantes têm contribuído para a cristalização de uma agenda limitada de prioridades que favorece propósitos de estabilização política e secundariza garantias de natureza económica e social. Partindo deste enquadramento e focando-se especificamente no conflito Norte-Sul do Sudão entre 1955 e 2009, o objetivo deste capítulo é, por um lado, identificar e discutir as explicações dominantes sobre o conflito e, por outro lado, analisar criticamente o papel das estratégias dominantes de resposta ao mesmo, sublinhado a sua agenda limitada de prioridades e a forma como foram contribuindo para uma certa invisibilização das causas mais complexas que sustentaram (e sustentam ainda) as dinâmicas de conflito nestes territórios. Com esta análise, argumenta-se que estratégias de paz eficazes neste quadro de conflitualidade implicam a desconstrução de imagens simplistas sobre os conflitos e uma resposta mais direcionada às desigualdades estruturais que normalmente caracterizam estes contextos.
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