Clemências e inclemências do Estado de Direito : amnistia, perdão genérico e indulto

Em todas as épocas subsequentes a grandes alterações institucionais ou de regime, e ainda mais em períodos que se seguem a grandes conflitos, acaba sempre, mais cedo ou mais tarde, por se colocarem hipóteses de amnistias, de perdões individuais e, normalmente em fases posteriores, questões relaciona...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Correia, Maria Filomena dos Santos Dias Delgado, 1950- (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/11067/2657
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ulusiada.pt:11067/2657
Description
Summary:Em todas as épocas subsequentes a grandes alterações institucionais ou de regime, e ainda mais em períodos que se seguem a grandes conflitos, acaba sempre, mais cedo ou mais tarde, por se colocarem hipóteses de amnistias, de perdões individuais e, normalmente em fases posteriores, questões relacionadas com a (im)prescritibilidade dos crimes cometidos ou de penas já aplicadas mas não cumpridas. Assim sucedeu, em vários momentos na história de Portugal. Os institutos do indulto, perdão genérico e amnistia, que tanto mexem com um certame empírico mas nem por isso menos enraizado sentimento de justiça, à falta de uma reflexão mais empenhada, têm sido uma das vítimas preferenciais da teoria do erro, no sentido que lhe atribuiu Mackie: - o pensamento vulgar, popular, sobre eles, está de tal modo influenciado por "teses" filosóficas erradas que ele próprio não pode deixar de laborar no erro. E isto porque, efectivamente, estes temas agitam a opinião pública, embora nem sempre pelas razões mais correctas, e têm servido como pretexto para veicular ideias hoje em dia cada vez mais abandonadas pela problemática das penas. Por outro lado, a este agitar de águas não tem correspondido uma preocupação de formalização dos conceitos, nem sequer, salvo raras excepções, a de um estudo a nível arqueológico, na formulação foucauldiana do termo. Em matéria de medidas de clemência, mantém-se uma tradição de abordagem um pouco lateral, quer em Portugal, quer no estrangeiro, já que os mais eminentes teóricos do direito que reflectiram sobre este instituto o fizeram, de um modo geral, considerando-o uma questão segunda e derivada das diversas teses sobre política criminal. Este trabalho tem como objectivo único uma reflexão sobre as medidas de clemência e a sua razão de ser num Estado de Direito, tal como hoje é entendido. Para tal reflexão, a autora debruçar-se sobre a génese e a evolução de tais medidas e também sobre a evolução do conceito de Estado de Direito e seus actuais contornos.