Convocarte, nº10 (Set. 2020): Arte e Loucura - Estética e Teoria

(...) Sabendo que já superámos essa construção do «louco» da sociedade disciplinar, permitimo-nos nestes dois volumes de Convocarte a desafiar o estigma. Se pensámos inicialmente para tema, e por inibição que assumimos, a palavra Mania (do grego μανία, «estado de loucura», e de mainesthai, «estar em...

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Bibliographic Details
Main Author: Dias, Fernando (author)
Other Authors: Franco, Stefanie Gil (author), Guérin, Michel (author), Peneda, João (author), Massaert, Lucien (author), Delecroix, Marion (author), Sousa, João Gabriel de (author), Marsillac, A.L.M. (author), Molina, Martin (author), Borges, Viviane (author), Vaitsman, Marcia (author), Harvey, Mark (author), Barroca, Daniel (author), Pontes, J (author), Reis, Jorge dos (author), Oliveira, Richard de (author), Frayze-Pereira, João Augusto (author), Gerino, Alain (author), Nogueira, Isabel (author)
Format: other
Language:por
Published: 2022
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/53441
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/53441
Description
Summary:(...) Sabendo que já superámos essa construção do «louco» da sociedade disciplinar, permitimo-nos nestes dois volumes de Convocarte a desafiar o estigma. Se pensámos inicialmente para tema, e por inibição que assumimos, a palavra Mania (do grego μανία, «estado de loucura», e de mainesthai, «estar em furor, estar com raiva»), aceitámos o desafio de Stefanie Gil Franco, investigadora especializada nas relações entre a arte e a loucura, a quem convidámos para coordenação científica desta abordagem, para esse confronto directo com a questão através do tema: Arte e Loucura. Apesar de já não se confinar o louco na cela da modernidade disciplinar, e os hospitais psiquiátricos terem evoluído bastante desde finais do século XX, o estigma ainda circula na linguagem, sendo visível na dificuldade em abordar o tema, em falar directa e abertamente, como se o estigma, como uma sombra, ainda abafasse o debate franco e crítico. O lançamento deste tema em Convocarte ambicionou focar alguma luz crítica nessa sombra com o propício apoio das relações com a arte. Trata-se de confrontar o estigma e de fornecer um lugar de escuta à voz da loucura para saúde da própria razão, o que nos fez lembrar a frase de Deleuze sobre a doença de Nietzsche: «[...] quando Nietzsche se tornou demente, foi precisamente quando perdeu esta mobilidade, esta arte de deslocamento, ao não poder mais, pela sua saúde, fazer da doença um ponto de vista sobre a saúde».