Resumo: | A literatura existente sobre o fenómeno de hortas urbanas tem-se debruçado essencialmente sobre o seu contributo para a sustentabilidade das cidades e sobre a importância ambiental deste tipo de iniciativas. A nível internacional, as atenções têm-se centrado na relação da agricultura urbana com a alimentação e no seu potencial de combate às alterações climáticas e em tornar as cidades mais resilientes. A questão que se coloca é a de compreender o processo de participação em programas de hortas urbanas de carácter comunitário e relacionar essa mesma participação com a promoção da sustentabilidade local. O que motiva os cidadãos a participar, como participam e quais os resultados dessa participação são as questões centrais que iremos abordar. Em termos metodológicos, o presente estudo recorre à análise qualitativa através do desenvolvimento de um estudo de caso. As entrevistas semi estruturadas aos utilizadores dos espaços hortícolas foram o principal método de recolha de dados, sendo posteriormente objeto de análise de conteúdo. Encarada como um processo, examinamos a participação no programa de hortas comunitárias de Cascais através de uma análise às entradas (inputs), ao próprio processo em si e aos resultados (outputs) da participação. Para além de identificar as motivações dos utilizadores e a forma como participam, centramos nossa atenção nos resultados da participação, com incidência ao nível do empoderamento comunitário, da promoção de uma cidadania mais ativa e o seu contributo para a criação de capital social, constituindo esta abordagem a parte inovadora desta pesquisa. Concluímos que a participação neste tipo de projetos gera efeitos bastante positivos para a sustentabilidade local. O reforço das relações sociais, a promoção da coesão e inclusão social desenvolvidos ao longo na participação facilitam o estreitamento das relações de vizinhança. Mais, ao favorecerem a aquisição de competências, estimulam a cidadania e a participação em outros projetos comunitários, contribuindo assim para empoderar os participantes e criando um cenário favorável à geração de capital social.
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