As emoções comandam a psicose?

Introdução: Quão importante é a vida emocional das pessoas que descompensam com sintomas psicóticos? Objectivos: O objectivo deste artigo é rever evidência de que as emoções estão envolvidas causalmente nos processos psicóticos. Métodos: Revisão seleccionada de literatura sobre sintomas afectivos na...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ribeiro, J (author)
Format: article
Language:por
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.10/938
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.hff.min-saude.pt:10400.10/938
Description
Summary:Introdução: Quão importante é a vida emocional das pessoas que descompensam com sintomas psicóticos? Objectivos: O objectivo deste artigo é rever evidência de que as emoções estão envolvidas causalmente nos processos psicóticos. Métodos: Revisão seleccionada de literatura sobre sintomas afectivos nas psicoses, emoções na produção de sintomas psicóticos e modelos dopaminérgicos de psicose. Resultados: Os sintomas afectivos são transversalmente importantes nas psicoses. Pessoas com esquizofrenia têm elevada reactividade emocional e a intensificação de afectos negativos não só se associa como precede a intensificação de sintomas psicóticos, o que é evidência de que emoções negativas estão a comandar o curso dos sintomas psicóticos. Representações do self negativas são centrais nos processos psicóticos e podem ser o elo de ligação entre emoções negativas e psicose. A evidência favorece a visão de que o delírio persecutório é consistente com afectos e representações do self negativos e o delírio grandioso é consistente com uma amplificação defensiva de afectos e representações do self positivos. A vergonha foi proposta como a experiência emocional básica da psicose, experiência na qual o self se torna vulnerável ao exterior, o que é consistente com vivências persecutórias. Os ataques ao self, sob a forma de hostilidade no ambiente familiar e na sociedade, são fortes preditores de descompensação e desenvolvimento de esquizofrenia. Ataques ao self que produzem derrota social são também fortes estimulantes das vias dopaminérgicas mesolímbicas, cuja hiperactividade se associa à descompensação psicótica e à experiência de “saliência aberrante”, proposta como modelo dopaminérgico de psicose. Conclusões: A “derrota do self” surge como um elo central que liga a experiência de emoções negativas à manifestação de sintomas psicóticos e seus correlatos psicológicos e neurobiológicos. A hipótese é suportada, de que as emoções ligadas a essa derrota controlam a manifestação de uma vulnerabilidade à derrota, e assim comandam o curso da psicose