Perfeccionismo, pensamento repetitivo negativo e sintomatologia do espectro obsessivo-compulsivo

O perfeccionismo e o pensamento repetitivo negativo têm sido associados a diversas perturbações psiquiátricas e por isso considerados constructos transdiagnósticos. Assim, importa compreender a relação destes com vários grupos de sintomas, nomeadamente os sintomas obsessivo-compulsivos, pois poderá...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ferreira,Tiago (author)
Other Authors: Nascimento,Marta (author), Macedo,António (author), Pereira,Ana (author), Pissarra,António (author)
Format: article
Language:por
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862017000200024
Country:Portugal
Oai:oai:scielo:S1645-00862017000200024
Description
Summary:O perfeccionismo e o pensamento repetitivo negativo têm sido associados a diversas perturbações psiquiátricas e por isso considerados constructos transdiagnósticos. Assim, importa compreender a relação destes com vários grupos de sintomas, nomeadamente os sintomas obsessivo-compulsivos, pois poderá conduzir a uma melhor compreensão do diagnóstico, prevenção e tratamento de algumas doenças psiquiátricas. O objectivo deste trabalho foi analisar os níveis de cognições perfeccionistas, pensamento repetitivo negativo e sintomas obsessivo-compulsivos, numa amostra de estudantes universitários da Universidade da Beira Interior, e a relação destas variáveis entre si e com os estados de humor. Para realizar este estudo, caracterizado como transversal e analítico, recorremos a um questionário composto por dados sociodemográficos e de saúde mental e por escalas validadas para a população portuguesa que permitem aferir os estados de humor, níveis de perfeccionismo, domínios de perfeccionismo, níveis de pensamento repetitivo negativo e de sintomatologia obsessivo-compulsiva. A recolha de dados realizou-se através de inquérito online na população de estudantes da Universidade da Beira Interior (n=464, 338 do sexo feminino, idade média 22,5 ± 4,54 anos), e para sua análise recorremos a testes não-paramétricos. As pontuações totais de cognições perfeccionistas, sintomatologia obsessivo-compulsiva e pensamento repetitivo negativo apresentaram correlação significativa positiva com os níveis de afeto negativo, com os domínios de perfeccionismo e também entre si. Assim, o modelo transdiagnóstico da psicopatologia pode revelar uma utilidade heurística considerável. Neste caso, o perfeccionismo e o pensamento repetitivo negativo constituem-se como processos susceptíveis de influenciar os níveis de sintomatologia psiquiátrica, nomeadamente obsessivo-compulsiva, devendo ser alvos de intervenção terapêutica.