Resumo: | A Paralisia Congénita do Plexo Braquial (PCPB) é uma patologia que tem origem na lesão ao nascer de raízes ou de troncos nervosos do plexo braquial. Como esta estrutura é responsável pela inervação do membro superior, a sua lesão vai determinar alterações da postura, da mobilidade activa e da sensibilidade do membro lesado, que estão presentes no momento do nascimento (1,2). Como o recém-nascido é um ser em desenvolvimento, as sequelas a longo prazo da PCPB podem ser de extrema gravidade. Ao compromisso do normal desenvolvimento das estruturas músculo-esqueléticas, poderá adicionar-se a falta de integração do membro lesado no esquema corporal, com graves consequências a nível funcional e estético (3,4). Classicamente está descrita como associada a dificuldades durante o trabalho de parto e a manobras obstétricas (5), particularmente durante o período expulsivo. A lesão seria provocada pelo afastamento excessivo entre a coluna cervical e o ombro durante o parto, com o estiramento das raízes nervosas do plexo braquial (6). Após a generalização do parto assistido, a sua frequência reduziu-se consideravelmente. No entanto, apesar da constante melhoria da assistência na gravidez e no parto, a PCPB têm-se mantido com uma incidência estável nas últimas décadas. Por este motivo pensa-se que haverá causas não directamente relacionadas com as manobras obstétricas (1,2). Neste sentido, foi proposta a alteração da sua denominação de “Paralisia Obstétrica do Plexo Braquial”, que é ainda muito divulgada, para PCPB, que subscrevemos (1). Embora, como já focado, seja um problema que pode causar sequelas graves e permanentes, não existem registos sistemáticos da sua ocorrência a nível nacional. É, por isso, de extrema importância determinar a sua incidência, assim como os principais factores que lhe estão associados, para que, na medida do possível, sejam evitados. Este estudo tem como finalidade determinar o número de casos PCPB nos recém-nascidos entre 1 de Janeiro de 2005 e 31 de Dezembro de 2008 nas Maternidades dos Hospitais Pêro da Covilhã, Amato Lusitano e Sousa Martins e identificar os factores a eles associados. Em conclusão, este estudo sugere uma incidência de 5/1000, com o nascimento de 25 casos nos 4974 RN nos hospitais incluídos no estudo e uma possível relação entre a PCPB e a macrossomia fetal à nascença.
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