Summary: | As decisões éticas são aspetos centrais na vida das pessoas e organizações. A complexidade que as caracteriza leva a que frequentemente os indivíduos revelem problemas quando se encontram perante questões de natureza ética. As abordagens normativas dominantes têm vindo, face à constatação da ineficácia das prescrições sociais na prevenção da corrupção nas organizações, a revelar-se incapazes de explicar por que e como ocorrem os comportamentos antiéticos. A falta de ética não constitui uma característica individual. Sob certas condições, todas as pessoas podem cometer atropelos éticos. Os factores de contexto parecem ter um papel decisivo na formação dos julgamentos éticos. Neste trabalho, em que assumimos uma abordagem descritiva do comportamento ético, procurámos, a partir dos contributos da psicologia, compreender o modo como a interacção entre factores individuais e os elementos do contexto organizacional afectam o processo de tomada de decisão ética individual. A partir da análise do impacto das relações de responsabilização nas organizações e do processo de estabelecimento de objetivos concluímos que a capacidade de reconhecer situações eticamente problemáticas e agir em acordo depende da forma como os indivíduos interpretam o conjunto de mensagens provenientes do contexto as quais, em muitos casos, incentivam ou ignoram o comportamento antiético. Neste sentido, o aumento da capacidade de escrutínio ético nas organizações parece depender do reconhecimento, por parte da gestão, da necessidade de alinhamento entre as políticas e práticas organizacionais e as preocupações éticas assumindo-se como decisivo o papel dos processos comunicacionais que suportam as relações sociais entre pessoas e grupos.
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