Resumo: | A forma como os produtos desenhados para responder à incapacidade foram sendo desenvolvidos ao longo da história acompanhou, naturalmente, a evolução dos conceitos de deficiência e incapacidade. Se num primeiro momento, se centravam essencialmente na reabilitação do défice físico ou mental, ou pelo menos em facilitar a prestação de cuidados e um nível de mobilidade e autonomia condicente com as necessidades terapêuticas, progressivamente foram acompanhando as cada vez maiores expectativas de inclusão social, vendo-se obrigados a responder aos desafios que a vida em sociedade apresenta. A crescente globalização da legislação de acessibilidade é o principal resultado desta evolução, procurando garantir o acesso a meios sociais cada vez mais abrangentes. Contudo, é ainda pouco clara a importância que o Design Inclusivo pode ter na mudança de mentalidades que condicionam a aceitação das pessoas com incapacidade na sociedade. Este artigo apresenta os resultados de um inquérito realizado aos grupos dEficientes Indignados e à Associação Gulliver, realizado no âmbito de uma investigação mais abrangente que procura compreender como podem ser combatidos os sentimentos de vergonha, pena, solidão, repulsa ou baixa autoestima por vezes associados aos objetos desenvolvidos para responder à incapacidade. Pretende-se demonstrar que o estigma relativamente à incapacidade tem uma dimensão implícita subjacente, que permanece mesmo quando são removidas as barreiras físicas que impedem o acesso.
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