Summary: | A cardiologia de intervenção é, provavelmente, das áreas da medicina onde se verificaram, num curto espaço de tempo, desenvolvimentos extremamente importantes. Nos últimos 26 anos, assistiu-se a um crescimento exponencial do número de casos, operadores e centros onde se realiza este tipo de procedimento. Paralelamente, a última década foi pródiga em novos desenvolvimentos ao nível das técnicas de abordagem, materiais e protocolos de terapêuticas adjuvantes, que contribuíram para o alargamento do espectro de situações com indicação, clínica e angiográfica, devidamente estabelecidas. Sempre que se intervém ao nível da prestação de cuidados de saúde é desejável que haja benefícios para os doentes, mas, por vezes, também podem causar danos indesejáveis. O conceito de qualidade em saúde apresenta-se, nos dias de hoje, sob várias perspectivas, podendo assumir definições diversas. A Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO), define qualidade como, «O modo como os serviços de saúde, com o actual nível de conhecimentos, aumentam a possibilidade de obter os resultados desejados e reduzem a possibilidade de obtenção de resultados indesejados». O estabelecimento de padrões de qualidade baseados nos resultados obtidos é uma forma racional, fiável e equitativa de diferenciar a qualidade dos cuidados prestados, apresentando, no entanto, algumas limitações devido à enorme diversidade de definições e formas de registo das variáveis em questão. A utilização da metodologia do risco ajustado para aferir o cálculo das diferenças entre doentes, no que respeita aos resultados, torna-se assim um imperativo, na era moderna da cardiologia de intervenção, para legitimar a comparação de resultados entre instituições e para uniformizar a informação, os critérios e as definições, permitindo desta forma estabelecer valores de benchmarking rigorosos e credíveis.
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