Resumo: | Hoje em dia, quase ninguém questiona a importância dos manuais escolares como elementos fundamentais no processo de ensino e de aprendizagem. Logo, o manual escolar vai-se tornando, lenta e progressivamente, num elemento imprescindível ao ato de instrução, impondo-se mesmo no senso comum como símbolo da própria escola. Este deverá, então, apresentar-se com uma organização coerente e funcional, estruturada na perspetiva do aluno, adequada aos objetivos do programa curricular, fornecendo uma informação rigorosa e cientificamente correta ajustada ao nível e grau de ensino a que se destina. A presente investigação assume como objetivo principal analisar qual a importância que tem sido concedida, em Portugal, à área da Saúde Oral nos manuais escolares de Estudo do Meio do 1.º Ciclo do Ensino Básico para o 1.º, 2.º e 3.º anos de escolaridade entre 1990-2010. Na tentativa de perceber de que forma ocorreu ou não uma evolução na abordagem de conteúdos da Saúde Oral, apreciamos sessenta e três manuais didáticos baseados em quatro princípios de apreciação: Informação, Erupção Dentária, Higiene Oral e Alimentação. Esta apreciação, apoiada numa abordagem metodológica assente na análise de conteúdo, pelo estabelecimento de categorias à posterior, e na análise de clusters, pela elaboração de dendogramas, contribui para confrontar as fontes primárias – manuais escolares – quanto aos conteúdos que incluem, as orientações curriculares, pedagógicas e didáticas que traduzem, as recomendações curriculares, pedagógicas e didáticas, assim como os valores educativos e científicos que sugerem. Os resultados mostram, através dos manuais analisados, que não foi atribuída uma importância muito maior à Saúde Oral a partir de 2004, momento em que foi promovido o Programa Nacional da Promoção da Saúde Oral. Somente se verifica que, através das matrizes, no 1.º e 2.º anos de escolaridade, a nível do princípio de apreciação Alimentação, uma atenção significativa. Por outro lado, observamos também que, não se verifica, à medida que os anos de escolaridade avançam, um crescer de informação, mas sim o contrário.
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