Summary: | Ao longo do último século, os métodos de diagnóstico e terapêutica têm contribuído para alterar a história natural das doenças infecciosas, nomeadamente as de origem fúngica. Para tal, muito tem contribuído um melhor diagnóstico laboratorial, permitindo identificar a espécie responsável pela infecção e orientar para o tratamento mais eficaz na sua cura. O objectivo principal deste trabalho foi a aquisição de conhecimentos sobre as técnicas laboratoriais mais adequadas para um correcto diagnóstico micológico, principalmente na identificação e caracterização de leveduras do género Candida e de dermatofitoses. Para tal, ao longo de um ano, foram analisadas amostras provenientes de indivíduos com diagnóstico clínico de micose. Relativamente às micoses oportunistas induzidas por leveduras do género Candida, foi feito o diagnóstico laboratorial de um elevado número de casos de candidose usando métodos tradicionais e métodos moleculares. Os resultados obtidos por ambos os métodos foram comparados, tendo-se concluído que os segundos são mais rápidos e igualmente seguros na correcta identificação das espécies. Contudo, apresentam mais especificidades ao nível do esquipamento e material de laboratório necessário. Para as leveduras do género Candida, foi ainda efectuado um teste de sensibilidade aos antifúngicos fluconazol e voriconazol, tendo-se verificado elevada sensibilidade dos isolados para ambos os fármacos. Verificou-se ainda que os isolados resistentes in vitro ao fluconazol foram sensíveis ao voriconazol. Foi ainda realizado um estudo epidemiológico de onicomicoses e Tinea Pedis em agentes do Corpo de Intervenção da Polícia de Segurança Pública, tendo-se aferido que estas infecções podem agravar um problema de saúde pública pelo seu elevado poder contagioso, principalmente em áreas de fácil dispersão de fungo, como são os balneários ou os dormitórios frequentados diariamente por várias centenas de indivíduos. Com este trabalho concluiu-se que a identificação laboratorial do fungo responsável pela infecção é um passo fundamental para o adequado diagnóstico clínico e consequente esquema terapêutico. Assim e apesar da tendência dos últimos anos indiciar a orientação para o uso mais intensivo de técnicas moleculares no diagnóstico micológico, estas não deverão ser usadas isoladamente dos métodos tradicionais, mas sim como técnicas complementares de diagnóstico, pois onde umas podem falhar, as outras podem responder adequadamente.
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