Polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) tipo I: uma visão actual, de um problema de saúde antigo

A Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) do tipo I, tipo Português ou de Andrade é uma forma de amiloidose sistémica, heredo-degenerativa, autossómica dominante, identificada e descrita pela primeira vez pelo neurologista português Mário Corino da Costa Andrade, nos anos 50. Desde a descrição in...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Vieira, Bruno Aurélio dos Santos (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2012
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.6/868
Country:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/868
Description
Summary:A Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) do tipo I, tipo Português ou de Andrade é uma forma de amiloidose sistémica, heredo-degenerativa, autossómica dominante, identificada e descrita pela primeira vez pelo neurologista português Mário Corino da Costa Andrade, nos anos 50. Desde a descrição inicial de Corino de Andrade do foco da doença na Póvoa de Varzim e Vila do Conde, outros focos se foram configurando, em Portugal e um pouco por todo o Mundo. Fez-se uma revisão bibliográfica sobre Polineuropatia Amiloidótica Familiar utilizando como base livros temáticos, artigos científicos e motores de busca na Internet como o Pubmed. Alguns estudos comparando haplótipos em diversos focos de doença em todo o mundo, concluíram que a mutação Val30Met resulta de uma mutação ancestral, de origem comum, corroborando a hipótese de a mutação ter de facto origem em Portugal. As principais manifestações da doença são consequência da polineuropatia sensitiva, motora e autonómica, podendo assumir diferentes padrões clínicos e constituindo-se como uma doença consumptiva e fatal. Foi possível concluir que a substância amilóide que se deposita nos nervos periféricos e em quase todos os órgãos, é composta por fibrilhas formadas a partir de uma proteína circulante, a transtirretina (TTR). Actualmente alguns estudos lançam a dúvida sobre a relação causal entre a deposição de substância amilóide e a degenerescência das fibras nervosas, sugerindo que a TTR mutante não fibrilhar é, ela própria, patogénica para a fibra nervosa. À luz destes novos conhecimentos foi possível introduzir três novos procedimentos diagnósticos, o diagnóstico pré-sintomático, o diagnóstico pré-natal e o diagnóstico pré-implantatório. Como mais de 90% da TTR Val30Met é produzida no fígado, o único tratamento considerado específico e capaz de suspender a evolução da doença é o transplante hepático, porque leva ao desaparecimento da proteína mutante. Actualmente ocorrem em Portugal, cerca de metade dos transplantes hepáticos por PAF realizados em todo o Mundo. O transplante hepático veio retirar à PAF, o seu carácter progressivo e necessariamente fatal, todavia veio também acrescentar outros riscos e problemas. Por esse motivo, novas estratégias de combate à PAF, são necessárias. Estudos experimentais têm sido realizados, sobre o efeito de terapêuticas farmacológicas, quer no sentido da disrupção dos depósitos já estabelecidos, quer no sentido da estabilização da TTR não fibrilhar, de modo a impedir a formação e a deposição de fibrilhas.