Summary: | Neste estudo ambiciona-se conhecer a percepção que os alunos têm sobre o bullying, e em que medida as variáveis género e habilitações literárias dos pais influenciam a opinião das crianças sobre a representação do fenómeno, percepção sobre a vítima, agressor e espectador, assim como conhecer a opinião pessoal da criança quando envolvido em situações de violência entre pares. De acordo com o instrumento utilizado pretende-se observar qual o papel que as crianças escolhiam se estivessem envolvidas na história, quais as emoções mais escolhidas e qual o final mais seleccionado para a história. Para a realização deste estudo recorreu-se ao questionário Scan-Bullying (Almeida, & Caurcel, 2005), participaram 212 alunos de duas escolas públicas, uma do concelho de Sintra e outra do concelho de Mafra, a amostra é constituída por crianças com idades entre os 10 e os 12 anos que frequentam o 5º e do 6º ano do ensino básico. Perante os resultados obtidos, procedeu-se à análise estatística dos dados onde se conclui que o género influencia a caracterização da vítima e a perspectiva do papel da vítima, as raparigas apresentam scores mais elevados que os rapazes, ou seja, as raparigas têm uma percepção melhor sobre a caracterização e perspectiva da vítima quando comparadas aos rapazes. Não se encontraram diferenças ao nível do género na perspectiva do papel do agressor e na experiência do participante. As habilitações literárias dos pais segundo os resultados vão influenciar a caracterização da vítima, a perspectiva do papel da vítima, a perspectiva do papel do agressor e a experiência do participante. Através deste estudo verificou-se que as crianças cujos os pais têm um nível de escolaridade baixo têm uma menor visibilidade do papel da vítima, da perspectiva do papel da vítima e do agressor e na experiência como participantes. Conclui-se também que não se encontram diferenças ao nível das variáveis em relação à representação do fenómeno e na caracterização do agressor. Verificou-se ainda que da população da amostra 93 crianças se percepcionam como espectadores, 75 como vítimas e 44 como agressores. As respostas emocionais mais escolhidas pelas crianças num primeiro momento foram: chateadas e tristes, numa segunda escolha as crianças optaram por furiosas e nervosas na terceira e última escolha seleccionaram assustadas. Observou-se que o final 5 de natureza optimista foi o mais escolhido pelas crianças, neste final a vítima surge na imagem a brincar com os outros colegas da escola após os actos sofridos, remetendo assim para o que as crianças gostariam que acontecesse e não como na realidade acaba a maioria dos casos. Este estudo poderá contribuir para um conhecimento mais profundo e concreto sobre o bullying. Este estudo e os resultados obtidos podem ajudar a ajustar e adequar planos de intervenção para combater o bullying em meio escolar, pode-se delinear acções que sirvam a comunidade escolar.
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