Cessação tabágica: um salto de acrobática

Introdução: A cessação tabágica é como um salto de acrobática. O médico de família tem a oportunidade de criar a pista atapetada (consulta após consulta), fornecer o trampolim (terapêutica) e, posteriormente, assistir ao salto daquele atleta (fumador) sobre a barra (dependência). Descrição do caso:...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Santos,José Agostinho (author)
Format: report
Language:por
Published: 2012
Subjects:
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732012000500007
Country:Portugal
Oai:oai:scielo:S2182-51732012000500007
Description
Summary:Introdução: A cessação tabágica é como um salto de acrobática. O médico de família tem a oportunidade de criar a pista atapetada (consulta após consulta), fornecer o trampolim (terapêutica) e, posteriormente, assistir ao salto daquele atleta (fumador) sobre a barra (dependência). Descrição do caso: Lia, 46 anos, com história de tabagismo (20 cigarros/dia). Em Fev/2010, vem à consulta de cessação tabágica. Está motivada e com Fagerström = 5 pontos. É cuidadora da mãe, doente com adenocarcinoma pulmonar, e indica o exemplo da mãe como a forte razão para cessação. Iniciou vareniclina. Perante as falhas sucessivas, marca-se uma consulta de avaliação familiar. Revela ter sido abandonada pela mãe aos 6 anos e que «sinto uma enorme culpa: não tenho compaixão pelo seu sofrimento». Realiza-se uma psicoterapia breve. Lia deixa de fumar 2 meses depois. Comentário: O caso revela o potencial diagnóstico e terapêutico de uma avaliação familiar. Consecutivas falhas fizeram suspeitar de algo naquela pista que impedia Lia de ganhar balanço. O desenrolar daquela vida criou uma pista comunicacional ansiolítica entre Lia e o seu médico. A avaliação permitiu detectar uma perturbação ansiosa latente, que dificultava o cumprimento do objectivo (o salto sobre a barra).