”Faraó” Petosíris: usurpador ou restaurador da ordem?

O túmulo de Petosíris em Tuna el-Guebel, escavado por Gustave Lefebvre, em 1920, guarda memória textual e iconográfica de uma importante excepcionalidade: a usurpação de várias prerrogativas reais por parte do sacerdote de Tot dos séculos IV e III a.C. Nas inscrições da capela e nas decorações das p...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Sales, José das Candeias (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.2/10832
Country:Portugal
Oai:oai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/10832
Description
Summary:O túmulo de Petosíris em Tuna el-Guebel, escavado por Gustave Lefebvre, em 1920, guarda memória textual e iconográfica de uma importante excepcionalidade: a usurpação de várias prerrogativas reais por parte do sacerdote de Tot dos séculos IV e III a.C. Nas inscrições da capela e nas decorações das paredes exteriores da fachada há, de facto, significativos vestígios do uso por Petosíris de epítetos e de fraseologia associados ao protocolo faraónico, bem como do cumprimento de funções típicas e de actos rituais litúrgico-simbólicos tradicionalmente desempenhados pelo faraó egípcio. Trata-se de uma assinalável audácia política. O desaparecimento do tradicional poder central indígena, próximo, forte e operante, provocado pela segunda dominação persa, e as perturbações político-administrativas na região da antiga cidade de Hermópolis Magna explicarão esta usurpação de funções e de privilégios? Será apenas um caso de abuso de potestas sacerdotalis? Estaremos perante um exemplo excepcional de consciência sacerdotal face ao declínio do tradicional modelo real faraónico? Através da documentação textual, inscrita no interior do naos, e da iconografia da fachada do túmulo procuramos neste texto determinar as especificidades, as razões e os objectivos destes comportamentos.