Resumo: | Esta Dissertação de Mestrado é subordinada ao papel da neurorreabilitação funcional na doença degenerativa do disco intervertebral. Esta doença é uma das causas mais comuns de disfunção neurológica em cães. A neurorreabilitação funcional baseia-se nas propriedades da medula espinhal, tais como a neuroplasticidade, neuromodulação e memorização. Os seus protocolos são implementados após uma abordagem de diagnóstico correta por parte do neurologista ou neurocirurgião veterinário. O presente estudo tem como objetivo avaliar a importância da neurorreabilitação funcional na recuperação da capacidade ambulatória e funcional de cães com doença degenerativa do disco intervertebral toracolombar. No presente trabalho foram incluídos 98 cães com diagnóstico de doença degenerativa do disco intervertebral toracolombar que foram sujeitos a um protocolo de neurorreabilitação funcional no Centro de Reabilitação Animal da Arrábida (Azeitão, Portugal), aonde permaneceram em regime de internamento. Este protocolo incluiu técnicas de eletromioestimulação, treino locomotor terrestre e aquático e modalidades complementares, no sentido de promover a estimulação das vias motoras descendentes, assim como os geradores de padrão central, de modo a que a libertação de correntes despolarizantes permitisse uma locomoção equilibrada e coordenada. A amostra foi composta por 46 machos e 52 fêmeas, com idades compreendidas entre os 2 e 16 anos de idades, peso vivo médio de 14 Kg e de diferentes raças. Em relação à doença do disco, 58 animais apresentavam hérnias de Hansen tipo I e 40 de Hansen tipo II. O presente estudo demonstrou que, para existir locomoção voluntária funcional, é imprescindível a presença de sensibilidade à dor profunda, embora, tal não seja limitante, pois a mesma esteve presente em 75,5% dos cães e, ainda assim, foi atingindo um sucesso clínico de 80,7%, incluindo-se aqui animais que alcançaram a locomoção fictícia funcional. Demonstrou-se também que, independentemente do tipo de hérnia, são necessários, em média, 2 meses para se alcançar o estado ambulatório e funcional. O sucesso clínico nestes casos é uma conjugação multifatorial da extensão da lesão, velocidade da hérnia, utilização de glucocorticoides, estado de perfusão sanguíneo e oxigenação da medula, presença de sensibilidade à dor profunda e aplicação da neurorreabilitação funcional.
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