Summary: | A discussão sobre migrações e seus efeitos no crescimento económicos dos países assume particular importância no contexto da mundialização – inegável e crescente – das sociedades e das economias. Portugal tem sido, ao longo dos tempos, um país de migração, ainda que o padrão nacional das migrações se tenha alterado, passando de um país predominante de emigração para se afirmar também como um país de imigração sobretudo nos últimos 15 a 20 anos. Neste sentido, este trabalho pretende traçar um retrato da emigração portuguesa nas décadas de 1990 e 2000, e avaliar o impacto do envio de remessas no crescimento económico de Portugal desde 1975 a 2010. Recorremos à literatura já existente, bem como às bases de dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para compreender a composição do fluxo emigratório recente. Para a análise económica, socorremo-nos de modelos econométricos com base em séries cronológicas, através dos quais procurámos identificar relações de equilíbrio de longo prazo entre o fluxo das remessas recebidas por Portugal e os principais agregados macroeconómicos. Concluímos que o emigrante português continua a ser maioritariamente do sexo masculino e no início da idade activa, mas que tem um nível de escolarização cada vez mais elevado e que a duração da emigração tende a ser menor. Relativamente aos cálculos econométricos, os resultados indicam que as remessas acompanharam o crescimento económico do país ao longo do período considerado, de forma inversa, diminuindo progressivamente com o aumento do PIB e do PIB per capita. Os resultados apontam ainda para a importância do investimento, que é entre as variáveis estudadas aquela que apresenta uma relação positiva com o fluxo das remessas.
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