Estudo material e técnico da policromia de dois ataúdes egípcios de coleções portuguesas

Apesar de desde o século XIX se realizarem estudos sobre policromia egípcia produzida entre a Época Dinástica Antiga e a Época Greco-Romana (3000 a.C.-323 d.C.), permanecem ainda muitas questões e um longo caminho a explorar. Tradicionalmente com abundante decoração pictórica, os ataúdes são uma fon...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Martins, Vera Lúcia Monteiro (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10362/118346
Country:Portugal
Oai:oai:run.unl.pt:10362/118346
Description
Summary:Apesar de desde o século XIX se realizarem estudos sobre policromia egípcia produzida entre a Época Dinástica Antiga e a Época Greco-Romana (3000 a.C.-323 d.C.), permanecem ainda muitas questões e um longo caminho a explorar. Tradicionalmente com abundante decoração pictórica, os ataúdes são uma fonte documental de grande valor pela diversidade que apresentam no que respeita materiais e técnicas, por terem sido produzidos em todas as épocas, por apresentarem inscrições e por muitos deles ainda conterem no seu interior tanto as múmias como espólio de menor dimensão. Dada a inexistência de estudos analíticos de caraterização de policromia egípcia em Portugal pretendeu-se com esta dissertação inaugurá-los no nosso país através do estudo comparativo de dois ataúdes policromados, um pertencente ao Museu da Farmácia e outro ao Museu Arqueológico do Carmo. Com recurso a técnicas de exame e análise complementares, foram identificados os materiais e as técnicas empregues na produção da sua policromia. A interpretação desses resultados foi efetuada à luz de uma extensa revisão crítica de literatura sobre materiais e técnicas. Esta metodologia permitiu caraterizar a policromia destes dois ataúdes e assim contribuir para o melhor conhecimento destes objetos. Os resultados revelaram a utilização de pigmentos de uso tradicional nomeadamente a calcite, os ocres amarelo e vermelho, o azul egípcio e o negro de carbono. No entanto, no ataúde do Museu da Farmácia foi identificada uma grande variedade de técnicas e de materiais que parecem indicar um maior investimento neste objeto, exemplos disso são a utilização de pigmentos diferentes para a produção de vários tons de uma mesma cor, a utilização de pigmentos raros (realgar e ouropigmento), a utilização de dois ligantes distintos e ainda a utilização de misturas de pigmentos. Com a presente dissertação foi possível aumentar o conhecimento existente sobre estes dois artefactos, bem como sobre policromia egípcia. Este estudo é também importante para futuras intervenções de conservação e restauro nestes objetos.