O ser emocional : para uma arquitectura fenomenológica

A arquitectura tem o poder de significar e transformar a nossa existência no mundo. Para que tal significação se concretize, necessita ser experienciada de um modo pleno, o qual não pressupõe mais que um encontro entre ela com o nosso ser, com o nosso corpo e com a nossa consciência. É o espaço onde...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Peixoto, Sara Gabriela Oliveira (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/11067/3143
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ulusiada.pt:11067/3143
Description
Summary:A arquitectura tem o poder de significar e transformar a nossa existência no mundo. Para que tal significação se concretize, necessita ser experienciada de um modo pleno, o qual não pressupõe mais que um encontro entre ela com o nosso ser, com o nosso corpo e com a nossa consciência. É o espaço onde nos podemos perceber, ainda que de um modo efémero, como um todo. No entanto, é sabido que vivemos num mundo actual que tem vindo a ser dominado pela desordem, pela inquietação e pelo frenesim resultante de uma sociedade tecnológica e mecanizada.Tal facto, tem conduzido à alienação sobre a essência das coisas, das relações, das comunicações, das experiências.Todas elas têm vindo a converter-se em episódios efémeros e ambíguos, desatentos ou inconscientes, afastando toda e qualquer significação que delas possa nascer. Esta ambiguidade parece estender-se de igual modo à experiência da arquitectura e, neste contexto, parece urgente restabelecer a verdade da sua essência. A arquitectura é mais que um mero espaço construído. É o espaço do habitar, do viver, do experienciar. Envolve a nossa existência e o nosso corpo, permitindo o contacto directo com a natureza da sua matéria, das suas texturas, das suas cores, da luz que nela incide e da sombra que ela própria cria, da passagem do tempo que deixa revelar, do som que denuncia a sua presença. TaI contacto evoca os nossos sentidos, activa a nossa percepção e imaginação, provocando as mais intensas emoções. Somente ela tem a capacidade de os despertar simultaneamente, uma vez que exige que estejamos dentro dela para que o seu todo seja por nós absorvido. Interessa, assim, que a totalidade que a compõe seja abraçada, para que esta seja capaz de originar experiências carregadas de significado e de as guardar na eternidade da memória. A arquitectura deve assim, desdobrar-se não somente sobre as suas próprias regras mas também sobre as suas intrínsecas sensibilidades. Ela constitui o meio que nos posiciona e que nos abriga do mundo, mas também se abre para e sobre nós, oferecendo tudo o que tem, sem nada pedir em retorno.