Summary: | O acesso aos cuidados de saúde é um conceito complexo, que compreende várias dimensões, uma das quais a acessibilidade. Na perspetiva que aqui se propõe analisar, a acessibilidade relaciona-se essencialmente com a localização e distribuição geográfica dos serviços e dos utilizadores. A presente dissertação pretende assim constituir uma reflexão sobre esta dimensão, aplicada à rede de serviços de urgência (SU) do Baixo Alentejo. O ponto de partida é o de que, envolvendo a nova estrutura do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) ao nível da responsabilidade hospitalar e pré-hospitalar, a que faz menção o Despacho n.º 10319/2014, de 11 de agosto, não se identificam novos trabalhos, nem relatórios de monitorização sobre a acessibilidade da população a estes serviços. Contudo, é uma temática que tem merecido destaque quer na opinião pública, quer no debate político. São várias as notícias que dão conta de serviços encerrados, falta de recursos humanos e equipamentos, necessidade de construção de novas unidades, entre outras. Por outro lado, as políticas definidas são sobretudo ao nível comunitário e nacional, não existindo um acompanhamento e concretização das mesmas ao nível regional e local. Nesta medida, recorreu-se a uma ferramenta de análise de redes, a network analyst (ESRI), para a elaboração de índices de acessibilidade através do algoritmo service areas. Optou-se ainda por incluir algumas informações estatísticas relativas à população residente, mas também referentes aos próprios serviços de urgência e meios de emergência do INEM, por exemplo, horários de funcionamento, existência ou não existência de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, entre outros. Os resultados alcançados permitem verificar que a acessibilidade é, na generalidade, satisfatória quando incluídos os três serviços de urgência existentes na área de estudo, mas diminui consideravelmente se for admitido apenas o serviço de urgência médico-cirúrgico do Hospital de Beja, excluindo assim os dois serviços de urgência básico, destinados a resolver as situações mais simples e comuns. Foram também calculados outros índices que, como se verá, permitiram o cruzamento da distância-tempo entre os serviços e os meios de transporte existentes. Ainda assim, haverá que refletir sobre a população que é caraterizada com menores índices de acessibilidade, mais idosa e residente em zonas com baixa densidade populacional, e à qual se associam com mais frequência patologias incapacitantes como é o caso de AVC’s, diabetes, enfartes, entre outros, razão pela qual deverá existir uma rápida capacidade de resposta e ação dos meios de emergência/urgência.
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