Resumo: | Encontra-se em curso, sensivelmente no último meio século, a finalização de um processo de planetarização da Tecnologia, que, na ordem das causas, terá sido mais proximamente determinado pela Globalização político-económica urdida e imposta pelo Neoliberalismo e mais remotamente influenciado por sucessivas revoluções industriais, desde o século XVIII. Ele implicou uma transformação na própria natureza da Tecnologia, fazendo com que deixasse de ser mero meio (utensílio, ferramenta, instrumento) para determinados fins e se tivesse tornado num ambiente vital e existencial. Günther Anders foi um atento e perspicaz observador e crítico desse fenómeno, que, no seu jargão, concebeu como o do advento de um “Dispositivo universal” (Universalapparat). Dedica-se a primeira parte deste artigo à releitura da interpretação que esse filósofo alemão fez da sua suposta génese e evolução. Na segunda parte, analisa-se esse conceito. Explora-se, na terceira parte, duas consequências filosóficas maiores desse fenómeno.
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