Summary: | Introdução: O desenvolvimento do país e do mundo tende a que os jovens tenham cada vez mais estudos, emancipando-se mais tarde. Neste contexto, uma gravidez na adolescência pode causar graves transtornos para a jovem adolescente e seu ambiente circundante. Objectivos: Pretendeu-se com este estudo compreender o impacto da gravidez na adolescência no Distrito da Guarda a nível de incidência e consequências obstétricas, fetais e biopsicossocias. Foi, ainda, objecto de estudo a caracterização do perfil das adolescentes e a identificação de factores predisponentes. Metodologia: Foram analisados 187 processos clínicos e inquiridas 41 parturientes adolescentes no Hospital de Sousa Martins, entre 2001 e 2006. Resultados: Neste período a Taxa de fecundidade na adolescência reduziu 41,5%. Verificou-se uma idade média das parturientes de 17,1 anos e de início da actividade sexual de 14,5 anos. Constatou-se que 85% tinham 6 ou menos anos de escolaridade, 56% tinham poucos conhecimentos sobre sexualidade e contracepção e que unicamente 5% usava sempre contracepção. Ocorreu atraso e deficiência na vigilância pré-natal. Comparando a população adolescente com a geral, na população adolescente a probabilidade de parto pré-termo e de baixo peso foram, respectivamente, 3 e 1,22 vezes superiores, sendo na população geral a probabilidade de cesariana 1,22 vezes superior. Houve precipitação do matrimónio em 37% dos casos. Verificou-se aumento da responsabilidade e alteração da atitude face à contracepção e seguimento médico. Conclusão: O estudo permitiu-nos concluir que houve redução da incidência da gravidez na adolescência. Constituem factores de risco a baixa escolaridade, precocidade do início da actividade sexual, precariedade dos conhecimentos sobre sexualidade e contracepção, negligência no uso de contracepção, casamento precoce e ausência de planos. A gravidez na adolescência associa-se a um atraso e uma vigilância pré-natal inadequadas e a um risco aumentado de parto pré-termo e baixo peso ao nascer, não estando associada ao risco aumentado de cesariana. As principais consequências biopsicossociais foram o abandono escolar, dependência de terceiros, precipitação do casamento, interrupção voluntária da gravidez, atraso no conhecimento e comunicação da gravidez, alteração do estado laboral e mudança de atitude relativamente à contracepção e seguimento médico.
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