Estudo do ciclo reprodutor e crescimento de Hydrobia ulvae (Pennant, 1777) na Ria de Aveiro e suas implicações no âmbito da biomonitorização da poluição por TBT

Com o objectivo de contribuir para a validação da utilização de Hydrobia ulvae em programas de biomonitorização da poluição por tributilestanho (TBT) na Ria de Aveiro, foi estudado o seu ciclo reprodutor, crescimento e imposexo num banco de lodo situado na Ermida (Canal de Ílhavo – Ria de Aveiro). O...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Silva, João José Aires Afonso Génio da (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 1000
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/21785
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/21785
Description
Summary:Com o objectivo de contribuir para a validação da utilização de Hydrobia ulvae em programas de biomonitorização da poluição por tributilestanho (TBT) na Ria de Aveiro, foi estudado o seu ciclo reprodutor, crescimento e imposexo num banco de lodo situado na Ermida (Canal de Ílhavo – Ria de Aveiro). O local de estudo foi amostrado no período de baixa-mar, entre Dezembro de 1999 e Dezembro de 2000, com uma periodicidade aproximadamente mensal. O estudo histológico das gónadas de Hydrobia ulvae revelou a existência de uma época de desova muito alargada, que ocorreu, provavelmente, entre Julho e Fevereiro. O comprimento médio do pénis dos machos variou ao longo do ciclo reprodutor, atingindo valores mais elevados entre o fim do Verão e o início do Outono, época em que a maturação das gónadas foi mais intensa. A análise de histogramas de frequência da altura das conchas de Hydrobia ulvae ao longo do período de estudo revelou a ocorrência de quatro episódios de recrutamento, em Março, Maio, Julho e Setembro, compostos por animais com uma altura média da concha entre 1,2 e 1,8 mm. Estima-se que, a partir desse momento, estes indivíduos terão crescido até 6,4 - 6,8 mm ao fim de 17-21 meses. A longevidade foi calculada em cerca de 2 anos. Verificou-se, também, a ocorrência de uma variação sazonal na taxa de crescimento, com valores nulos no Inverno e máximos entre a Primavera e o Outono. Os índices de imposexo – VDS (sequência do vaso deferente), FPL (comprimento médio do pénis das fêmeas) e %FA (percentagem de fêmeas afectadas) – não apresentaram um padrão de variação sazonal ao longo do período de estudo, mas antes oscilações erráticas em torno de um valor médio de 1,0, 0,4 e 89%, respectivamente. A evolução do índice de imposexo RPL (comprimento relativo do pénis das fêmeas) foi, em parte, influenciada pela variação sazonal do comprimento médio do pénis dos machos. Não se observaram comportamentos migratórios importantes de Hydrobia ulvae no local de estudo que tenham influenciado a evolução dos níveis de imposexo da população ao longo do ano. Considerando que o valor do índice RPL depende da variação sazonal do comprimento médio do pénis dos machos, a comparação deste índice entre populações só é válida se as mesmas se encontrarem em idêntico estádio do ciclo reprodutor. Visto que os indivíduos adultos seleccionados para os estudos de imposexo são substituídos anualmente por animais recrutados no ano anterior, as campanhas de biomonitorização efectuadas com uma periodicidade anual podem mostrar uma eventual diminuição dos níveis de poluição por TBT no futuro.