Summary: | As companhias de retalho alimentar têm vindo a aumentar os seus portfólios de lojas de forma relevante, enquanto cresce a necessidade de garantir que as lojas são operadas da forma mais eficiente possível. Com portfólios tão grandes, é imperiosa a utilização de ferramentas que permitam comparar o desempenho energético das lojas. Este tipo de ferramentas, quando bem desenvolvidas, devem permitir identificar de forma simples mas fiável, as lojas com pior desempenho energético (de forma a que o mesmo seja corrigido), as lojas com bom desempenho energético (de forma a migrar as boas práticas para o restante portfólio) bem como as lojas com sistemas instalados menos eficazes, para as quais devem ser canalizados os esforços de investimento em eficiência energética da companhia. Diversas vezes este tipo de comparação de grandes portfólios é feito recorrendo a indicadores simplistas, como os consumos por área (kWh/m2 ). Estes indicadores, têm a vantagem de serem simples, mas escondem diversas imperfeições que podem induzir conclusões erradas quanto ao desempenho, como efeitos climáticos, horário de abertura ao público, sistema de AVAC instalado, entre outros. Assim, surge o conceito de benchmarking operacional, como um contributo para uma comparação de diversos edifícios de uma forma mais "justa". Trata-se de um indicador de desempenho energético que é calculado através da comparação entre o consumo real de uma determinada loja (faturas) e o consumo expectável para essa mesma loja, considerando inputs como o seu clima, horário de abertura ao público, dimensões e sistemas instalados. Para tal, é indispensável avaliar quais os sistemas energéticos relevantes, caracterizá-los corretamente e calcular os respetivos consumos expectáveis (targets). A generalidade dos consumos energéticos expectáveis foi calculada recorrendo a um software de simulação energética detalhada de edifícios. Assim, este trabalho teve como principal objetivo desenvolver uma ferramenta de benchmarking do desempenho dos principais sistemas energéticos existentes num hipermercado, a fim de detetar eventuais situações de ineficiência e permitir a sua correção. Essa ferramenta de cálculo foi posteriormente implementada para cinco casos reais (cinco lojas de retalho alimentar). Desta forma, foi possível desenvolver o benchmarking operacional e retirar conclusões acerca do desempenho global das lojas reais. Foi possível concluir que todas as lojas analisadas apresentavam problemas de eficiência e/ou controlo no sistema de AVAC. Das lojas reais analisadas apenas uma se encontrava dentro do consumo expectável obtendo um benchmarking operacional de 0,95. Esta ferramenta foi e é útil na identificação das ineficiências operacionais das lojas estudadas o que, de outra forma, não seria possível verificar. Além disso, esta ferramenta permitiu também uma análise detalhada do desempenho dos principais sistemas energéticos, o que poderá ser extremamente útil, não só para identificar quais serão as “melhores práticas”, mas também para detetar rapidamente quais os componentes que apresentam situações de ineficiência, de forma a conseguir corrigi-las de forma célere e eficaz.
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