Summary: | A substituição do disco intervertebral lombar tem sido considerada uma alternativa cirúrgica ao tratamento da doença degenerativa do disco lombar. Comparada com a fusão lombar, a artroplastia discal preserva a mobilidade entre segmentos e decresce potencialmente os problemas nos discos adjacentes a termo. Nas avaliações de longo prazo, a vantagem teórica de redução de problemas nos discos adjacentes não tem sido completamente evidenciada. Diferente dos sistemas de artrodese de fusão, que trabalham durante um curto período de tempo como elementos de transferência de carga para as placas dorsal e ventral adjacentes até que ocorre a osteointegraçao, os implantes de disco intervertebral permanecem durante toda a vida do paciente como elementos de transferência de carga para as vértebras, o que pode potencializar complicações tais como a fratura da vértebra adjacente por sobrecarga, ou reabsorção óssea por efeito de stress-shielding. O implante Prodisc-L é um dos implantes com resultados clínicos bastante promissores. Contudo, estudos clínicos mais recentes reportaram fraturas nas vértebras adjacentes ao implante na artroplastia a um só nível e a dois níveis. Este tipo de implante é caracterizado por possuir quilhas verticais nas placas de apoio dorsal e ventral, sendo uma característica que o distingue da maioria dos implantes no mercado. Alguns estudos clínicos relacionam o risco de dano da vértebra, com este tipo de implante com a quilha, e com a pequena altura dos corpos vertebrais quando a artroplastia é realizada a mais que um nível. Este problema não se encontra neste momento totalmente explicado e compreendido sendo assim necessário a realização de novos trabalhos onde se insere a atual dissertação. O trabalho apresentado teve como objetivo avaliar o risco de dano da vértebra lombar L4 do segmento L3-L5 após artroplastia, aplicando o implante ProDisc-L. A avaliação consistiu na comparação entre o segmento na condição intacta e artroplástica realizada a um e a dois níveis, recorrendo-se a modelos de elementos finitos para a avaliação do comportamento estrutural do segmento L3-L5. Estes modelos foram desenvolvidos com recurso a imagens médicas de TAC de um paciente sem qualquer patologia. Estes modelos foram sujeitos a dois casos de carga representativos da coluna ereta e relaxada, e do levantamento de 20 kg com os joelhos fletidos e com o tronco ereto. Foram avaliadas as deformações no osso cortical e esponjoso das vértebras. Para complementar o estudo, foram construídos vários modelos experimentais do segmento L3-L5, em espuma rígida de poliuretano, com diferentes alturas da vértebra L4 que foram sujeitos a uma carga axial, o que permitiu avaliar a influência da altura da vértebra intermédia no seu risco de fratura. Os resultados obtidos nos estudos numéricos permitiram concluir que é no caso da artroplastia a dois níveis, para o caso da carga que representa o levantamento de 20Kg, que existe maior risco de ocorrência de danos, apresentando valores de deformação no osso esponjoso superiores aos referenciados para a iniciação de microdano no osso esponjoso. Para o caso da artroplastia a um nível também surgiram valores de deformação elevados, apontando um risco de dano a termo por efeito das cargas cíclicas. Para o caso do segmento intacto, os valores das deformações não apontam qualquer risco de dano nas vértebras, evidenciando a eficiência dos discos nativos na transferência de carga para os corpos vertebrais. No estudo experimental, para uma carga máxima bem superior às cargas fisiológicas, não ocorreu qualquer fratura da vértebra intermédia L4 para qualquer das três alturas da vértebra avaliadas e configuração do segmento. Pode-se concluir deste estudo que a realização da artroplastia com o implante Prodisc-L a dois níveis aumenta o risco de dano da vértebra intermédia relativamente a artroplastia de um só nível, sendo que este risco só estará presente para atividades bastante exigentes em termos de carga, e se estas forem cíclicas. Pode-se igualmente concluir que mesmo para cargas superiores às normais atividades fisiológicas, a altura da vértebra L4 não se correlaciona com o risco de fratura desta.
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