Estudo hidrogeoquímico e mapeamento de georadar do aquífero superficial de Estarreja

Desde os anos 30 do século XX que a região de Estarreja é reconhecida pela sua atividade industrial. A partir da década de 50, esta zona torna-se no terceiro principal polo da indústria química nacional após a criação do Complexo Químico de Estarreja (CQE). A instalação deste complexo químico conduz...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Silva, Tiago André Gomes da (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2017
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10773/17320
País:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/17320
Descrição
Resumo:Desde os anos 30 do século XX que a região de Estarreja é reconhecida pela sua atividade industrial. A partir da década de 50, esta zona torna-se no terceiro principal polo da indústria química nacional após a criação do Complexo Químico de Estarreja (CQE). A instalação deste complexo químico conduziu ao aumento do grau de contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas, tornando a zona envolvente numa área de elevado risco ambiental. Na presente dissertação foram conjugados os dados de um estudo geofísico (georadar), com os dados de uma campanha hidrogeoquímica, com o intuito de avaliar o grau de contaminação do aquífero superior do Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro (SAQA), sendo este um aquífero costeiro instalado em formações arenosas de elevada permeabilidade. A técnica de georadar confirmou ser adequada para avaliar a pluma de contaminação, uma vez que a sobreposição dos dados de condutividade elétrica de Ordens (2007) com os perfis de georadar, permitiu verificar que regra geral, a atenuação do sinal aumenta com a condutividade elétrica. Foram observadas zonas em que a atenuação ocorreu no nível freático, estando associado à contaminação do aquífero superior, no entanto, a presença de camadas lodosas pode provocar a atenuação do sinal abaixo do nível freático. A interpretação da piezometria ao longo dos radargramas permitiu elaborar um mapa relativo à superfície piezométrica. Esse mapa apresenta semelhanças com o realizado na área de estudo por Ordens (2007). As diferenças podem resultar do facto dos dados de georadar serem contínuos enquanto que os dados dos poços utilizados por Ordens (2007) serem discretos e a efeitos sazonais. A campanha hidrogeoquímica permitiu avaliar pontualmente a contaminação na área de estudo, com base na análise das concentrações de compostos inorgânicos e orgânicos. Foi ainda possível verificar que em algumas zonas as águas são impróprias para rega e que regra geral as águas são impróprias para consumo doméstico. A contaminação antrópica, devida à atividade industrial e práticas agrícolas, provocam a deterioração da qualidade da água do aquífero. Os resultados permitiram individualizar uma área restrita com elevada contaminação (amostras 9 e 17). Ambas as amostras apresentam condutividade elétrica superior a 11530 μS.cm-1, pH extremamente ácido (< 2,4), concentrações elevadas de aniões principais, Cl> 2421 mg.L-1, Na> 1940 mg.L-1, SO4> 859 mg.L-1, metais pesados, Al> 8,5 mg.L-1, Fe> 4 mg.L-1, Sr> 1,22 mg.L-1, Zn> 1,18 mg.L-1 e elevadas concentrações de 1,1- dicloroetano (> 0,94 μg.L-1), e cloreto de vinilo (> 0,5 μg.L-1). Com exceção do aumento da concentração de nitratos, a contaminação na área de estudo diminuiu desde a campanha hidroquímica realizada por Ordens (2007) em 2006, embora se possa admitir uma variação sazonal destas concentrações. A correlação dos dados hidrogeoquímicos com os dados geofísicos permitiu verificar que pontualmente, à medida que se dá o aumento dos teores de contaminação por compostos inorgânicos e orgânicos, a atenuação do sinal nos radargramas ocorre na interface interpretada do nível freático.