Resumo: | Introdução: A despeito do desenvolvimento científico e tecnológico, ocorrido nas últimas décadas e o facto de todo o conhecimento fisiopatológico da cirrose hepática ter uma marcada influência global e empírica, o avanço na terapêutica tem sido lento, mantendo-se inúmeras áreas “cinzentas”. Concomitantemente, às elevadas taxas de mortalidade numa população demasiado jovem e activa e às taxas de morbilidade que levam a custos económico-sociais crescentes, faz com seja fundamental não só empenhar todo o esforço na uniformização do diagnóstico e tratamento precoces, mas sobretudo nas situações causais potencialmente preveníveis. Material e Métodos: Foi efectuada uma recolha de dados retrospectivos dos casos clínicos de Doença Hepática Alcoólica (número de doentes, idade, sexo, destino e diagnóstico) do ano de 2008 e um estudo comparativo com os mesmos dados de anos anteriores, 2004 - 2008, fornecidos pela Unidade de Alcoologia do Fundão, e posterior tratamento desses mesmos dados, de forma descritiva. Posteriormente, foi efectuada uma busca activa de revisões sistemáticas, meta-análises, estudos controlados e aleatorizados e estudos de Coorte sobre o tema. Resultados: De acordo com a análise descritiva dos dados estatísticos retrospectivos da Unidade de Alcoologia do Fundão, a maioria dos seus doentes no ano de 2008, foi do sexo masculino. O padrão etário prevalente foi entre os [41- 50] anos, seguindo-se a faixa etária dos [51-60] anos. O sexo masculino foi sempre o mais representativo, tendo havido um decréscimo gradual no número de óbitos ao longo dos 5 anos e no número de mulheres que recorreu à Unidade. O diagnóstico predominante foi o Síndrome de Dependência Alcoólica, seguido da Esteatose Hepática e por fim de Cirrose. No sexo feminino apenas foi diagnosticado o Síndrome de Dependência Alcoólica. Discussão: De acordo com os conhecimentos actuais vigentes na comunidade científica, considero em termos gerais, que no estudo efectuado através dos dados estatísticos teoricamente representativos deste concelho, houve concordância na prevalência do alcoolismo em idades socialmente activas [41-60] anos e no facto de apenas um pequeno número de doentes evoluirem de Esteatose Hepátca para Cirrose. Contráriamente, foi discordante, no panorama actual de feminização do álcool e na prevalência em idades jovens (adolescência). Conclusão: Um bom conhecimento da doença, dos factores de risco e do tratamento irá resultar numa melhor prevenção e tratamento da doença. Consensos e Guidelines para a prevenção, diagnóstico, tratamento e complicações da Cirrose hepática alcoólica, sujeitos a actualizações regulares, devem servir de referência a estratégias de actuação, a promover em cada unidade hospitalar.
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