Políticas de categorização étnica Portugal e o Brasil em perspectiva comparada

Neste trabalho procurou-se investigar a construção de categorias étnico-raciais nos registos estatísticos, com especial relevo para os mecanismos censitários. Perguntando como foram estas categorias construídas em Portugal e no Brasil, traçamos o seu processo de produção e institucionalização. Em Po...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Oliveira, Nuno Filipe de Castro (author)
Format: doctoralThesis
Language:por
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10071/6226
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/6226
Description
Summary:Neste trabalho procurou-se investigar a construção de categorias étnico-raciais nos registos estatísticos, com especial relevo para os mecanismos censitários. Perguntando como foram estas categorias construídas em Portugal e no Brasil, traçamos o seu processo de produção e institucionalização. Em Portugal as categorias étnico-raciais foram desmobilizadas institucional e socialmente; no Brasil, elas inscreveram-se na esfera pública e ganharam o estatuto de políticas sociais. Partindo da assunção de que estas categorias possuem uma história, recorreu-se a uma abordagem historiográfica que permitiu seguir as modalidades destas categorizações em contextos históricos diversificados. Esta historização levou-nos a recuperar as categorias censitárias do Portugal colonial, simultaneamente auscultando as batalhas conceptuais e ideológicas pelas categorizações legítimas no Brasil coetâneo. Compreender como as batalhas conceptuais em torno destas classificações fizeram parte das representações da nação e de quem lhe pertence constitui uma parcela significativa deste trabalho. Concluímos que no Brasil verifica-se uma recuperação das identidades primordiais e uma sua mobilização em contexto nacional que resulta de um aprofundamento do multiculturalismo. Em Portugal observa-se uma apropriação da linguagem do interculturalismo que expressa a diluição dessas mesmas identidades. Utilizando a noção de repertório cultural, analisamos os discursos de actores privilegiados no domínio da categorização de identidades étnico-raciais. Definimos quatro repertórios diferenciados em termos da forma como constroem a identidade, a inserção estrutural, as fronteiras entre os grupos e a etnicidade. Contrastamos a pluralidade de repertórios no contexto brasileiro com a unicidade em contexto português. Estes repertórios sugerem formas distintas de inscrição das categorias étnico-raciais na esfera pública e estatal.