Summary: | As lesões estomatológicas são frequentes no gato. Estas podem ser divididas, de acordo com a sua natureza, em doenças inflamatórias e doenças neoplásicas. A caracterização exata destas afeções deve basear-se no seu exame histopatológico. O presente trabalho teve como principal objetivo determinar a frequência das doenças estomatológicas em gatos. Nesse sentido, foi realizado um estudo retrospetivo a partir dos relatórios de exames histopatológicos realizados nos laboratórios de Investigação Científica e Análises Moleculares (DNAtech, Lisboa) nos anos de 2010 a 2015. As variáveis recolhidas incluíram a raça, o sexo e a idade dos gatos, a localização das lesões na cavidade oral, a técnica de recolha utilizada, a natureza das lesões (inflamatória ou neoplásica) e o diagnóstico definitivo obtido. De um total de 297 exames de lesões da cavidade oral, encontraram-se 186 lesões inflamatórias (62,6%) e 111 (37,4%) lesões neoplásicas, das quais 81,1% eram malignas. As lesões estudadas foram mais frequentes em gatos do sexo masculino (173, 58,4%) e com idades entre os 7 e os 10 anos (88, 33,0%). Com o avançar da idade, observou-se um aumento das doenças neoplásicas e, pelo contrário, o diagnóstico de doenças inflamatórias diminuiu. As neoplasias benignas ocorreram tendencialmente em gatos mais jovens comparativamente com as neoplasias malignas. Relativamente à raça, predominaram os indivíduos de raça Europeu Comum (206, 73,6%), seguindo-se os de raça Persa (32, 11,4%) e de raça Siamesa (21, 7,5%), de entre um total de 9 raças puras observadas. A gengiva foi a localização anatómica mais afetada pelas lesões estomatológicas com 127 casos (43,1%), seguindo-se a mucosa oral e os lábios. A biópsia incisional foi a técnica de recolha selecionada para a obtenção de 256 (86,2%) amostras, tendo 36 (12,1%) sido recolhidas por biópsia excisional e 5 (1,7%) com recurso a punch. De entre o total de diagnósticos histológicos registados, destacou-se o complexo gengivite-estomatite-faringite felino (115, 39,0%), o carcinoma espinocelular (49, 16,5%) e o complexo eosinofílico (34, 11,4%). Este estudo permitiu contribuir para o conhecimento mais aprofundado da epidemiologia das doenças da cavidade oral do gato em Portugal.
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