Resumo: | Embora a qualidade das interações pais-criança seja hoje uma temática de amplo interesse, a investigação relativamente às crenças acerca da parentalidade sensível permanece escassa, sendo inexistente no contexto da criança com deficiência/incapacidade. Nesta esteira, o presente trabalho teve como objetivos (1) descrever as crenças maternas acerca da parentalidade sensível de mães com filhos/as com deficiência, bem como examinar as relações entre aquelas crenças e (2) as características sociodemográficas das famílias e (3) o "stress" materno percebido. Participaram 40 mães, com pelo menos um/a filho/a com deficiência até aos 7 anos de idade. As mães preencheram uma ficha sociodemográfica e o "Questionário de Fatores de Stress Quotidiano" (Kanner, Coyne, Schaefer, & Lazarus, 1981; Negrão, Pereira, & Soares, 2009), que avalia o grau de "stress" percebido pelas mães em situações relacionadas, direta ou indiretamente, com o exercício da parentalidade. Adicionalmente, preencheram o Maternal Behaviour Q-Sort (Pederson & Moran, 1995; Pederson et al., 1999), na sua versão adaptada (Emmen et al., 2012), para a avaliação das perceções maternas acerca do comportamento parental sensível ideal. Os resultados demonstraram forte convergência entre as crenças maternas acerca da "mãe ideal" e o constructo teórico de sensibilidade segundo a Teoria da Vinculação. Mães com menos habilitações literárias, menor rendimento mensal familiar e que reportaram níveis mais elevados de "stress" quotidiano evidenciaram crenças acerca da "mãe ideal" como menos sensível. Estes resultados apontam para a importância da implementação de intervenções comunitárias, em particular em famílias expostas a adversidade socioeconómica, que visem diminuir o "stress" parental na deficiência.
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