Summary: | Enquadramento e Problema: A depressão tem-se mostrado como a perturbação mental mais comum na comunidade idosa, sobretudo na institucionalizada (Barua & Kar, 2010). A solidão, em termos psicológicos, pode ser caracterizada pela ausência afetiva do outro e estar relacionado com o sentimento, com a sensação de estar só (Moreira & Callou, 2006). Pode ser um sentimento de angústia, abandono e isolamento (Pinhel, 2011). Muitas vezes, os idosos institucionalizados experimentam sentimentos de depressão e solidão nos locais onde se encontram. No entanto, existem, cada vez mais, estratégias para o combate à solidão e depressão, que permitem ao idoso ter uma melhor qualidade de vida. Neste contexto, para o esclarecimento do problema de investigação e tendo em conta os objetivos traçados, formulou-se a seguinte questão de investigação: Existe relação entre os sentimentos de solidão e a sintomatologia depressiva?Objetivo geral: Verificar se existe correlação entre os sentimentos de solidão e a sintomatologia depressiva em idosos institucionalizados. Objetivos específicos: Determinar a proporção de idosos com sintomas de solidão e determinar o grau de depressão do idoso institucionalizado. Metodologia: Estudo quantitativo, observacional, transversal e correlacional. Para a colheita de dados foram utilizadas duas escalas, designadamente, a Escala Geriátrica da Depressão (Yesavage, 1983) e a Escala de Solidão da UCLA (Russell, 1988). A sua aplicação decorreu de novembro a dezembro de 2013. De um total de 68 utentes institucionalizados na Santa Casa da Misericórdia X localizada no Distrito de Bragança, obteve-se uma amostra constituída por 54 idosos com idades compreendidas entre os 69 e os 99 anos. Os idosos eram na sua maioria do género feminino (64,8%) e não tinham escolaridade (57,4%). Para editar e tratar os dados recorreu-se ao programa estatístico SPSS Versão 22. Calcularam-se frequências absolutas e relativas; medidas de tendência central e de dispersão. Foram utilizados o teste de Kolmogorov-Smirnov (KS) e o teste de correlação de Spearman. O nível de significância utilizado foi de 5%. Principais resultados: Verificou-se que todos os entrevistados apresentaram sintomas de depressão, sendo que destes, 50% apresentavam sintomas de depressão grave. Por outro lado, 88,9% dos idosos apresentaram um estado de solidão. Os três fatores que mais contribuíam para o estado de solidão eram “não tenho ninguém a quem recorrer”; “não sinto sintonia com as pessoas à minha volta” e “não consigo encontrar camaradagem quando quero”. Destacaram-se como fatores que contribuíram para diminuir o estado de solidão, “sinto intimidade com alguém”, “as pessoas conhecem-me” e “os meus interesses e ideias são partilhados por aqueles que me rodeiam”. Por fim, os resultados do teste de correlação de Spearman mostraram existir uma correlação, estatisticamente, significativa, positiva e moderada entre a depressão e a solidão (RS = 0,467; p-value = 0,000). Isto significa que quanto maior é a autoperceção da solidão tanto maior é a sintomatologia depressiva. Estes resultados estão de acordo com o defendido por vários autores, nomeadamente, Barroso e Tapadinha (2006) e Almeida (2011). Conclusões: O presente estudo permitiu verificar que os sintomas de depressão e a solidão são frequentes entre os idosos institucionalizados. O conhecimento desta realidade pode auxiliar os colaboradores das instituições na adoção de ações preventivas, na identificação precoce da depressão, assim como no tratamento estabelecido em parceria com os profissionais de saúde. Pois, tal como vários investigadores defendem, a depressão é uma doença que tem tratamento e não deve ser encarada como uma consequência natural do envelhecimento.
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