Summary: | Uma análise atenta e aprofundada da abundantíssima iconografia, em múltiplos suportes, e dos vários relatos mitológicos do antigo Egipto de diferentes épocas chegados até nós permite-nos constatar que o sexo era uma necessidade básica dos deuses egípcios e os assuntos eróticos uma parte importante e integrante das suas existências. De facto, erotismo e sexualidade não eram, longe disso, assuntos e temas exclusivos dos humanos ou que implicassem apenas os seres humanos. No antigo Egipto, como fenómeno socio-antropológico e teológico total, a sexualidade abrange também, portanto, as divindades. As atitudes eróticas e sexuais das divindades egípcias recobrem, de facto, uma multiplicidade de aspectos que transcende em muito a mera dimensão dos instintos e fixa-nos em comportamentos e modelos de conduta sexual que, frequentemente, possuem leituras e interpretações metafísicas e simbólicas, quer em relação à vida terrena quer, sobretudo, em relação à vida extra-terrena. As evocações dos poderes e das capacidades divinas ligadas ao domínio sexual reforçam o prestígio e a autoridade dessas divindades. Mas as representações plásticas e as expressões literárias disponíveis possuem amiúde significações e linhas de expressividade erótico-sexuais, directas ou subliminares, que é preciso entender de forma global e integrada, respeitando e atendendo ao plasma e ao contexto cultural no seio do qual a antiga civilização egípcia se movimentou, se quisermos realmente captar o seu mais profundo alcance e que são, em muitos casos, a razão de ser da sua própria produção. Sem pretendermos passar em revista todos os diversificados hábitos e conduta sexual das divindades egípcias, fixamo-nos neste artigo na teologia de Iunu/ Heliópolis e no ciclo de Osíris e nps vários ambientes e várias situações de declarada manifestação da sexualidade e das capacidades eróticas das divindades egípcias.
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