Summary: | Em 1965, o Museu de Etnologia do Ultramar – hoje Museu Nacional de Etnologia – foi inaugurado em Lisboa. A sua criação resultou em muito da atividade do antropólogo Jorge Dias e da sua equipa de colaboradores, mais concretamente de uma campanha a Moçambique, desenvolvida no seio da Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar (1958-1961). Este artigo procura entender a relação entre a presença e a invisibilidade de Moçambique no Museu Nacional de Etnologia, através do espólio atual do museu, das exposições temporárias relacionadas com Moçambique que foram realizadas ao longo do tempo, e da exposição permanente atual. Contextualiza-se o aparecimento do Museu de Etnologia do Ultramar e os moldes em que foi criado; analisa-se a sua evolução, através de uma análise panorâmica do conjunto de exposições que incluíram objetos de Moçambique e que foram sendo organizadas nos mais de 50 anos da sua existência; e estuda-se a exposição permanente “O Museu, muitas coisas”, em exibição desde 2013. Conclui-se que Moçambique ocupa um lugar de destaque no Museu Nacional de Etnologia, quer pelas suas coleções e materiais documentais, quer pelas diversas exposições organizadas pelo museu ao longo da sua história. No entanto, está praticamente ausente da sua exposição permanente, sendo que a interpretação dos poucos objetos de Moçambique em exposição, necessita de uma revisão, pois está ancorada na estética dos seus objetos e não estimula qualquer tipo de pensamento crítico.
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