Resumo: | A proteção de instalações elétricas faz-se em diferentes vetores: contra sobretensões (tensões superiores aos valores nominais), contra sobreintensidades (valores de corrente superiores aos esperados/estipulados) resultantes de sobrecargas ou como consequência de defeitos de isolamento que conduzem à condição de curto-circuito. A proteção tem de ser igualmente garantida a pessoas ou animais, evitando contactos diretos ou indiretos com partes da instalação a potencial não nulo. Estes contactos podem ocorrer com a instalação em condições normais (contacto com partes ativas) ou acidentalmente, por falha de isolamento que eletrize as massas metálicas dos aparelhos, em ambos os casos comportando riscos elevados. Os regulamentos de segurança preconizam as condições a assegurar para garantir a proteção das pessoas e bens contra os efeitos das sobreintensidades, mas raramente a forma como as mesmas devem ser determinadas. A aplicação de técnicas de cálculo genéricas pode originar a criação de uma “falsa realidade” porquanto as condições de aplicabilidade das mesmas poderão não estar cumpridas. Em redes elétricas onde existe um conjunto de cargas cujo fornecimento de energia não deva ser interrompido, é comum a existência de um ou mais grupos geradores de socorro, dimensionados para alimentar, pelo menos, as cargas prioritárias. Estes grupos de socorro, frequentemente acionados por motores de combustão, apresentam reduzidas correntes de curto-circuito e respostas temporais distintas das inerentes a uma alimentação a partir da rede pública. Assim, a substituição da rede pública de distribuição de energia por uma fonte (alternativa) de socorro poderá originar atuações incorretas das proteções contra sobreintensidades. Neste trabalho foram estudadas algumas das diferenças referidas e avaliadas as possíveis consequências com base em simulação dinâmica de uma rede simplificada. Dos resultados obtidos conclui-se que, nestes casos (alimentação por grupo gerador de socorro), as condições de proteção devem ser avaliadas de forma específica para evitar funcionamentos incorretos das proteções instaladas, com consequências eventualmente gravosas para as instalações e/ou pessoas delas utilizadoras.
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