Summary: | O objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação de perdas de nutrientes após incêndio por escorrência superficial, à escala de microparcela e à escala de encosta (embora de forma limitada) numa área recentemente queimada da região Mediterrânica, fornecendo estimativas das exportações de catiões, azoto e fósforo, num enquadramento paisagístico como este propenso ao fogo. Representa um importante complemento para o até agora modesto número de estudos sobre as perdas de nutrientes pós-fogo por escorrência superficial, realizado na região Mediterrânica, para antecipar os impactos dos incêndios recorrentes na produtividade do solo. Este trabalho é parte do projeto FIRECNUTS (PTDC/AGR-CFL/104559/2008) - efeitos de um incêndio nas reservas de nutrientes, dinâmica e exportações – e lida com estas lacunas de pesquisa, estudando a exportação de nutrientes selecionados (catiões, azoto e fósforo) numa área florestal recentemente queimada, no centro-norte de Portugal (Sever do Vouga). Os objetivos específicos foram comparar as exportações de catiões, assim como de azoto e fósforo nas formas totais e solúveis, principalmente à escala de micro-parcela: (i) para duas das espécies de árvores mais propensas ao fogo, i.e. eucalipto e pinheiro; (ii) para duas das geologias mais comuns na área, i.e. granito e xisto; (iii) para diferentes orientações do declive, i.e. face a norte e face a sul; (iv) com tempo-desde-incêndio durante os meses iniciais após incêndio e durante um período de monitorização mais extenso. As exportações de nutrientes foram particularmente acentuadas nos três meses após o fogo. No entanto, após este período inicial, foram observados também picos nas concentrações de nutrientes, em associação a eventos de precipitação intensa, com diferenças na variação de cada nutriente, e com o declínio das exportações de fósforo a seguir um padrão mais linear com o tempo desde o incêndio. Os resultados deste estudo enfatizaram a importância de uma camada protetora do solo (ou seja, com as agulhas das árvores queimadas de pinheiro) para minimizar a exportação de nutrientes pósfogo. A geologia também foi identificada como uma variável importante na avaliação de riscos de erosão pós-incêndio e na definição de medidas de conservação do solo. A orientação do declive não foi uma variável decisiva neste estudo. Estes resultados mostram também que as escalas de tempo mais amplas são úteis para obter mais conhecimento sobre o ciclo hidrológico dos nutrientes e os complexos processos que ocorrem nas áreas de floresta queimada.
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