Os nós da escola e a inclusão

O presente estudo pretende fazer um périplo pelos últimos catorze anos de docência do nosso percurso profissional, enquanto docente de educação especial. Contactámos com realidades e contextos escolares bastante diversos, uns conflituosos e deveras comoventes e outros mais agradáveis e serenos, até...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Gomes, Maria Luzia Ferrão Lopes (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/13612
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/13612
Description
Summary:O presente estudo pretende fazer um périplo pelos últimos catorze anos de docência do nosso percurso profissional, enquanto docente de educação especial. Contactámos com realidades e contextos escolares bastante diversos, uns conflituosos e deveras comoventes e outros mais agradáveis e serenos, até então, completamente ignorados por nós que começávamos a molhar os pés neste mare magnum da educação especial, numa área tão movediça e difícil, quanto gratificante, como é trabalhar com crianças e jovens com Necessidades Educativas Especiais como oportunamente explicaremos. O objetivo que ora nos move é apresentar e partilhar as várias experiências e situações com que diariamente vimos lutando em prol de uma causa em que acreditamos plenamente e pela qual, muitas vezes, tivemos necessidade de enfrentar, no bom sentido, os colegas dos conselhos de turma e dos conselhos de docentes, para além dos pais e encarregados de educação, entre outros que se julgavam senhores da razão e da sabedoria, em detrimento do bom senso e bem estar dos nossos educandos. Vamos pois, neste relatório, tentar fazer uma resenha do que tem sido para nós, ao longo destes anos, a educação especial e trabalhar com crianças e jovens com necessidades educativas especiais (NEE) do 1º, 2 e 3º ciclos, muito embora tenhamos acompanhado, também, durante dois anos, alunos do ensino secundário, na Escola Secundária de Seia, que, malgrado os seus quadros clínicos bastante conturbados, afincada e persistentemente, se esforçaram o suficiente para, ao abrigo de um regimento especial, obterem classificações que lhes permitissem o ingresso ao ensino superior, como na realidade, para nosso gáudio, aconteceu com dois desses alunos. Faz ainda parte deste trabalho enunciar, de forma sucinta, os obstáculos e problemas mais prementes que enfrentámos, a procura de soluções, e mesmo a superação de alguns problemas, tencionando derrubar as barreiras que frequentemente e, ainda hoje, obstam e impedem o nosso intento. A integração e inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na escola do ensino regular foi a nossa primeira preocupação. Com determinação, exigimos destes e para estes alunos educação e respeito mútuo; procurámos cumprir e fazer cumprir as regras, os deveres e os direitos da criança e do jovem; promovemos a socialização e o convívio destes com a comunidade educativa, em geral, prevenindo ou pondo termo a eventuais situações suscetíveis de afetar a saúde física e mental. Outro propósito que norteou esta intervenção foi, sempre que possível, não permitir que, no final da escolaridade obrigatória, estes jovens ficassem entregues à sua sorte. Mas, encontrar saídas profissionais para jovens com NEE era como vulgarmente se diz “encontrar uma agulha no palheiro”. Assim, sem sucesso, batemos a diversas portas. Sem esmorecer, prosseguimos e encontrámos, na APPACDM de Viseu, um porto de abrigo, que nos respondeu com cursos de formação profissional e posterior colocação num emprego, para os alunos que terminavam a escolaridade, e atividades pré-profissionais para aqueles que seguiam um currículo de cariz funcional, ao abrigo de protocolos. Refletiremos e referiremos, também, os comportamentos observados na sociedade e na comunidade educativa (pais/EE, assistentes operacionais, alunos, educadores, professores), face aos problemas destes discentes, uns promotores de inclusão e outros de completa exclusão. Em suma, e porque as boas palavras não são suficientes, debatemo-nos na escola em defesa dos direitos das nossas crianças e jovens portadores de algum défice ou handicap, que os apresenta como diferentes dos restantes alunos considerados normais. Não obstante, acreditando, ainda, naquele velho adágio popular que diz que a fortuna sorri aos audazes, tentámos ser e fazer a diferença, com vista à mudança, desfazendo os nós prosseguindo a caminhada rumo à inclusão, à igualdade como promulgado na Declaração de Salamanca. Obviamente que toda esta apresentação irá sendo consolidada com pesquisa bibliográfica que fundamenta teoricamente este trabalho.