Resumo: | Os compósitos de matriz polimérica são actualmente utilizados num vasto campo de sectores de actividade, que vão desde a electrónica de grande consumo até às indústrias aeronáutica e espacial. Apesar dos progressos conseguidos, subsistem alguns obstáculos à generalização das aplicações estruturais de compósitos, associados aos elevados custos dos materiais e à complexidade do comportamento mecânico. Na realidade, devido a lacunas no conhecimento dos mecanismos de dano e de ruína, há um enorme potencial de optimização de estruturas compósitas. Um dos modos de dano mais perigoso dos laminados compósitos de alto desempenho é a delaminagem. Após inúmeros estudos publicados, estão disponíveis normas que permitem caracterizar a resistência à delaminagem de compósitos unidireccionais. Porém, na grande maioria das aplicações estruturais usam-se laminados multidireccionais e as delaminagens tendem a formar-se entre camadas de diferentes orientações. O objectivo principal deste trabalho foi por isso caracterizar a resistência à delaminagem de laminados multidireccionais, nomeadamente avaliar a influência da orientação das camadas adjacentes à delaminagem. Atendendo à importância prática das solicitações e dos materiais, foram realizados ensaios de modo I “double cantilever beam” (DCB), de modo II “end-notched flexure” (ENF) e de modo misto I+II “mixed mode bending” (MMB), em provetes vidro/epóxido e carbono/epóxido. Os provetes escolhidos tinham interfaces de delaminagem dos tipos 0/θ e θ/−θ, sendo θ variável entre 0 e 90 graus. A componente experimental foi amplamente suportada por modelação tridimensional com elementos finitos. Os resultados mostraram ser possível evitar fenómenos espúrios de dano intralaminar em ensaios de modo II. Todavia, em modo I, foi frequentemente possível medir apenas taxas críticas de libertação de energia, GIc, de iniciação. Por outro lado, verificou-se que à interface 0/0 corresponderam geralmente os menores valores de GIc e GIIc, e que a interface de delaminagem afectou mais esta última. Finalmente, em modo misto I+II, Gc variou de forma aproximadamente linear com a fracção de modo II, GII/G, embora se tenha constatado alguma ambiguidade na partição de modos em provetes carbono/epóxido.
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