Resumo: | No presente artigo, sugerimos uma leitura da formação da antropologia em Portugal que assume que a construção da nação e a construção do império nunca estiveram muito afastadas uma da outra e tenderam sempre a mesclar-se - em certos momentos de forma muito evidente, noutros de forma mais mediada. De facto, numa perspetiva mais ampla, entendemos a antropologia em Portugal como parte do que poderíamos denominar uma quinta tradição - isto é, uma história disciplinar abertamente cosmopolita, que se posiciona fora das quatro tradições imperiais da antropologia dos séculos XIX e XX (alemã, francesa, britânica e americana). Neste sentido, o cosmopolitismo não hegemónico dos cientistas sociais portugueses coloca-os numa posição semelhante à dos japoneses, indianos ou brasileiros. Em particular, o lugar de Portugal na encruzilhada das rotas euro-americanas de intercâmbio intelectual e das rotas do Atlântico Sul reafirma-se recorrentemente como marca central da forma como as ciências sociais portuguesas intervêm no debate científico global.
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