Resumo: | Este estudo nasceu na confluência da docência a Educadoras de Infância, do interesse no trabalho que estas desenvolvem no domínio da música com crianças, da preocupação sentida pela aparente perda da tradição de cantar canções de embalar, bem como da curiosidade teórica acerca dos efeitos da audição de música em fases precoces do desenvolvimento da criança. Os estudos conhecidos são quase todos realizados em laboratório. A nossa vertente pedagógica impeliu-nos a procurar conhecimentos que decorressem de investigações em contextos naturais. Assim este trabalho foi presidido por dois objectivos fundamentais: proceder a um reconhecimento das práticas de cantar aos bebés pelos Agentes Educativos e, explorar o efeito da audição de canções de embalar no sono dos bebés. Estes objectivos converteram-se em dois estudos separados. O primeiro foi realizado tendo como sujeitos Agentes Educativos (48 Mães/Pais, 18 Amas, 7 Educadoras de Infância e 25 Auxiliares) tendo ao seu cuidado bebés até 1 ano de idade. Utilizaram-se questionários com características semelhantes mas ajustados a cada amostra. Encontrou-se que a prática de cantar canções de embalar ainda resiste mas de uma forma pouco sólida assumindo-se apenas como uma estratégia disponível, entre outras, para apaziguar e adormecer os bebés. Subjacente a esta prática inconsistente parece estar o desconhecimento, por parte dos Agentes Educativos dos efeitos da canção de embalar. O segundo estudo foi realizado num Jardim de Infância com 3 bebés entre os 4,5 meses e os 6 meses de idade, com um desenho ABAB, tendo como variável independente a audição de uma canção de embalar e como variáveis dependentes o tempo de adormecimento, o tempo de sono e os comportamentos de bem-estar ou de mal-estar exibidos durante o sono. Nos esquemas com audição da canção de embalar os bebés parecem demorar menos tempo a adormecer o que vem reflectir o carácter de relaxamento e indução do sono deste género musical. Não ocorre um aumento expressivo do tempo total de sono mas aumenta claramente o tempo de sono profundo quando comparado com o tempo de sono leve, verificando-se ainda alguma redução do número de ciclos de sono. Estes resultados parecem indiciar o efeito da audição da canção de embalar na transformação da arquitectura e consolidação do sono. Regista-se ainda uma diminuição dos comportamentos de mal-estar o que parece reforçar o efeito apaziguador e tranquilizador da canção de embalar. This research sprung from the coming together of teaching pre-primary teachers, of the interest of the work these developed within music with children, of the preoccupation felt with the seeming loss of the habit of singing lullabies, as well as from the theoretical curiosity of the effects of listening to music in early stages of child development. All known studies have taken place under laboratory conditions. Our pedagogical strain has led us to look for knowledge coming from research under natural conditions. Two basic goals have thus presided to this work: to undertake a survey of the practices of singing songs to children from the Educational Agents; and to explore the effects of listening to lullabies in children’s sleep. These goals transformed themselves in two separate studies. The first took place having as subjects Educational Agents (48 Mothers/Fathers, 18 Nannies, 7 Kindergaten Teachers, and 25 Helpers) looking after children up to 1 year old. It was found that the practice of singing lullabies still endures, if in a vague fashion, only appearing as one way, among others, of calming babies and making them go to sleep. Underlying this practice there seems to be, from Educational Agents; an ignorance of the effects of lullabies. The second study took place in a Kindergarten with 3 babies from 4 ½ months to 6 months with an ABAB graphic, having as independent variable listening to a lullaby and as dependent variables the falling asleep time, the duration of sleep, and well-being or illfeeling behaviors assumed during sleep. In schemes presenting listening to lullabies babies seem to take less long to fall asleep, what reflects the character of relaxation and sleepinducement of this musical form. A remarkable increase of total sleep duration does not occur, but deep sleep time clearly increases as compared to light sleep, some reduction of the number of sleep cycles also being noticed. These results seem to indicate the effects of listening to lullabies in transforming and consolidating sleep architecture. A decrease of illfeeling behaviors is also noted, which seems to indicate the appeasing and tranquiliser effects of lullabies.
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