Summary: | Um dos mais difíceis desafios colocados a um antropólogo é o de explicar a uma audiência de colegas de diversas áreas disciplinares como é que no processo de trabalho de campo vamos reorientando a nossa análise, hipóteses e interpretações. Contrariando a ideia de que esta reorientação resulta de uma espécie de transcendência da produção etnográfica, onde os imprevistos seriam simples experiências autorais, neste texto, onde lançamos o debate deste dossiê, salientamos a dimensão processualista e intersubjetiva do conhecimento onde os imprevistos se integram: o facto de a etnografia se produzir no seio de relações sociais. A mutualidade aparece aqui como um aparato conceptual que descreve o tipo de interlocução - de revelação partilhada - que sustenta o próprio conhecimento etnográfico.
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