Summary: | Introdução: Tem havido baixa adesão ao padrão da dieta mediterrânica na população portuguesa. Nesta perspectiva, procedemos à revisão crítica do estado de nutrição das mulheres em idade fértil, grávidas e recém-nascidos, em Portugal. Material e Métodos: Realizámos uma revisão narrativa crítica de estudos recentes com qualidade e inquéritos nacionais oficiais, que tivessem avaliado a dieta e estado de nutrição de mulheres em idade fértil e de grávidas portuguesas e sua influência no estado de nutrição dos respetivos fetos e recém-nascidos. Resultados: Foram selecionados e analisados cinco estudos ecológicos multinacionais que incluíram Portugal, dois inquéritos oficiais nacionais sobre disponibilidade de alimentos, sete estudos nacionais sobre dieta e estado de nutrição de mulheres em idade fértil e grávidas e cinco estudos nacionais sobre a influência de fatores nutricionais maternos no crescimento dos fetos. A prevalência de excesso de peso/obesidade em mulheres em idade fértil e grávidas aumentou substancialmente associada à diminuição da adesão à dieta mediterrânica. As variações no consumo de energia e macronutrientes na gravidez parecem não ter impacto significativo no estado de nutrição dos fetos. Pelo contrário, o excesso de peso/obesidade pré-concecional associa-se a aumento de adiposidade ao nascer e o excessivo aumento de peso na gravidez associa-se ao excesso ponderal na infância. Os fatores potencialmente relacionados com a baixa adesão à dieta mediterrânica, merecendo futura investigação, incluem políticas agrícolas da União Europeia que promoveram a produção de grupos alimentares não tipicamente mediterrânicos a baixo preço e a pouca capacidade financeira referida pela população portuguesa para aquisição de alimentos de qualidade. Conclusão: A recuperação dos hábitos dietéticos mediterrânicos tradicionais deve ser incluída em estratégias de prevenção e tratamento do excesso de peso/obesidade em Portugal, especialmente em mulheres em idade fértil.
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